Tecnologia inédita para controle e segurança transfusional será implantada na FCecon

Uma tecnologia inédita no Amazonas está sendo implantada para teste na Fundação Centro de Controle de Oncologia do Estado do Amazonas (FCecon), com o objetivo de otimizar as atividades desenvolvidas no Serviço de Hemoterapia da instituição (Banco de Sangue), aumentar a segurança transfusional e garantir o controle e rastreamento em tempo real das bolsas de sangue utilizadas no hospital, que hoje é considerado referência no tratamento do câncer em toda a Amazônia Ocidental.Trata-se da Identificação por Radiofrequência (RFID), que terá um software exclusivo em fase de desenvolvimento e entrará em funcionamento ainda este ano.

A implantação do sistema reúne uma equipe multidisciplinar e tem como base o projeto de mestrado em Ciências da Saúde, desenvolvido pelo farmacêutico e bioquímico da FCecon Kleber Brasil, no âmbito do Programa de Pós-Graduação da Universidade Federal do Amazonas (Ufam).

O projeto, que começou a ser desenvolvido em 2013, consiste na digitalização das informações relacionadas ao Banco de Sangue, gerenciado na FCecon pelo farmacêutico e bioquímico. Na prática, as bolsas, que hoje são registradas a partir de código de barras, receberão etiquetas para controle. A partir de placas e antenas de RFID, que serão instaladas nos andares que abrigam as enfermarias, Urgência e Emergência e Banco de Sangue, e que emitem e captam sinais de radiofrequência, será possível informar a compatibilidade de cada bolsa com o futuro receptor a partir da tipagem sanguínea, e controlar a entrada e saída do material, além da qualidade do mesmo.

O processo reduzirá o tempo de espera para a transfusão, uma vez que o processo burocrático para tal diminuirá. O sistema também permitirá, por exemplo, que o gerente do Banco de Sangue seja informado, automaticamente, quando o estoque estiver baixo, podendo adotar providências mais rápidas para o abastecimento.

Com o software, as informações sobre cada andar, fluxo de bolsas e de receptores, poderão ser armazenadas. Assim, será possível, futuramente, apontar o aumento ou redução da demanda, tipos de sangue mais utilizados nos procedimentos e as quantidades, os hemocomponentes, entre outros.

O projeto, financiado pela Fundação de Amparo à Pesquisa do Amazonas (Fapeam), e desenvolvido em parceria com uma empresa privada, está em fase de implantação e foi apresentado, nesta quarta-feira (7 de maio), a uma banca de doutores, durante Aula de Qualificação.

Segundo Kléber Brasil, a análise de dados para seu desenvolvimento, abrangerá 195 pacientes, inicialmente, e considerará apenas as transfusões de hemácias, as quais correspondem a 59% do total de transfusões registradas na Fundação. Após sua conclusão, os benefícios do RFID serão estendidos para todas as atividades realizadas no Banco de Sangue relacionadas às transfusões.

A implantação deverá ocorrer ainda este ano. Já o estudo será concluído no primeiro semestre de 2015, quando o mestrando fará a defesa da sua dissertação.“Com este projeto, poderemos contribuir para a evolução dos processos de hemovigilância, aumentando a segurança transfusional e reduzindo riscos inerentes à transfusão de hemocomponentes”, explica o mestrando.

“Será realizado, ainda, o acompanhamento das etapas de compatibilidade imunohematológica (entre doador e receptor)”, completou o bioquímico. A ideia é sugerir, futuramente, com base nos resultados, a implantação do sistema de forma permanente nas instituições de saúde.

Kléber Brasil ressalta, ainda, que o projeto abrange um estudo para avaliar as alterações biológicas ocorridas durante o armazenamento das bolsas etiquetadas, com o objetivo de dosar componentes como as hemoglobinas, glicose, pH, sódio, potássio, entre outros.

“Este projeto é o resultado de uma parceria extremamente profícua entre a FCecon e a Fapeam. Na área da pesquisa em saúde, irá proporcionar grandes benefícios aos pacientes atendidos em nosso hospital”, ressaltou o diretor-presidente da Fundação Cecon, órgão vinculado à Secretaria de Estado da Saúde (Susam), pneumologista Edson de Oliveira Andrade. Kléber Brasil tem como orientadora a doutora em ciências pela Faculdade de Medicina da USP (Universidade de São Paulo), Kátia Luz Torres, Diretora de Ensino e Pesquisa da FCecon.

Publicado em: 08/05/2013.

 

Texto: Ana Carolina Barbosa