Resistência do homem em cuidar da saúde dificulta diagnóstico precoce do câncer de próstata
A resistência da população masculina em cuidar da saúde e a falta de informação contribuem para diagnóstico tardio do câncer de próstata no País, conforme o médico urologista Adriano Maia Siqueira, da Fundação Centro de Controle de Oncologia do Estado do Amazonas (FCecon), órgão vinculado à Secretaria de Estado de Saúde (Susam).
Chefe do serviço de Urologia da FCecon e urologista há 16 anos, Adriano Maia explicou que a resistência masculina não é apenas em relação à realização do exame de próstata – utilizado no diagnóstico da neoplasia. O que ocorre é que o homem não tem o hábito de ir ao médico. Assim, conforme o especialista, o movimento mundial Novembro Azul (comemorado no dia 17) é um oportunidade para alertar a população masculina sobre a importância da prevenção e do diagnóstico precoce da doença.
“As chances de cura são maiores quando o câncer de próstata é diagnosticado na fase inicial, assim como ocorre com outras neoplasias, aumentando em 90% as chances de cura. O homem não pode procurar o médico apenas quando os sintomas estão evidentes”, alertou Adriano Maia.
Conforme a diretora-presidente da FCecon, engenheira biomédica Ana Paula Lemes, no mês de novembro a unidade hospitalar, referência na região Norte no tratamento oncológico, intensificará as ações de sensibilização e diagnóstico precoce do câncer de próstata. “Serão realizadas palestras sobre os fatores de risco, diagnóstico e tratamento, com a ajuda dos parceiros”, pontuou.
Para Ana Paula Lemes, o movimento mundial Novembro Azul é uma oportunidade para desafiar os homens a dedicarem um pouco mais de tempo ao cuidado com a própria saúde. “Quanto mais tempo demorar a busca por atendimento, mais sérias serão as sequelas da doença”, alertou.
Números – Conforme o Instituto Nacional de Câncer (Inca), a estimativa é de 68.220 mil novos casos de câncer de próstata no País, em 2018. Na FCecon foram diagnosticados 48 casos em 2016 e 101 casos em 2017. Em 2018, são 118 casos, até setembro.
Questionado sobre o aumento no número de diagnósticos, Adriano Maia salientou que os dados precisam ser analisados sob a perspectiva do acesso maior de pessoas aos serviços de saúde, campanhas educativas e a evolução dos métodos de diagnósticos, além do aumento da expectativa de vida.
Câncer de próstata – O urologista explicou que o câncer de próstata é uma neoplasia maligna, sendo o mais comum entre os homens (atrás apenas do câncer de pele não-melanoma). A taxa de incidência é maior nos países desenvolvidos em comparação aos países em desenvolvimento.
Sintomas – A doença é silenciosa, não apresenta sintomas. Na fase avançada, pode provocar dor óssea, sintomas urinários ou, quando mais grave, infecção generalizada ou insuficiência renal.
Tratamento – O médico urologista explicou que o tratamento varia entre os indivíduos, o qual é influenciado por fatores como idade do paciente e estágio da doença. Para a doença localizada, o tratamento pode ser cirúrgico e radioterápico. Se detectada em estágio avançado, o indicado é a radioterapia ou cirurgia, juntamente com tratamento hormonal. Para doença metastática (quando o tumor original já se espalhou para outras partes do corpo), o tratamento de eleição é a terapia hormonal.
Prevenção – Atualmente, a principal maneira de prevenção é o diagnóstico precoce. Todavia, alguns hábitos devem ser evitados – o excesso de bebidas alcoólicas, gordura saturada, tabagismo, obesidade e sedentarismo.