Plasma sanguíneo é alternativa no acompanhamento de tratamento para câncer de colo do útero, revela pesquisa
O plasma sanguíneo pode ser usado como alternativa no acompanhamento do tratamento de mulheres com câncer de colo de útero, conforme pesquisa apresentada durante o 7º Congresso Pan-Amazônico de Oncologia, promovido pela Fundação Centro de Controle de Oncologia do Estado do Amazonas (FCecon), órgão vinculado à Secretaria de Estado de Saúde (SES-AM). O evento iniciou na quinta-feira (23/11) e encerrou sábado (25/11), no Hotel Intercity, localizado na zona centro-sul.
Com o tema “Prevenção, diagnóstico, tratamento, educação e gestão oncológica: uma questão cultural”, o evento bienal é apoiado pela Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado do Amazonas (Fapeam), além de outras instituições parceiras. O congresso reúne 96 palestras, incluindo especialistas do Amazonas, de outros estados e três internacionais, com três salas simultâneas.
Melhores projetos
A pesquisa denominada “Detecção do DNA livre circulante dos HPV-16 e 18 em mulheres em seguimento de tratamento de câncer do colo do útero, em um centro de referência para tratamento do câncer no Amazonas” foi realizada pela estudante do 10º período de Farmácia da Universidade Federal do Amazonas (Ufam), Layane da Silva Pinheiro, e orientada pela servidora da Secretaria Municipal de Saúde (Semsa), Márcia Poinho Encarnação de Morais.
O projeto é um dos dez melhores trabalhos do Programa de Apoio à Iniciação Científica (Paic/FCecon) – Edição 2022/2023. Os melhores trabalhos foram contemplados com a inscrição gratuita e apresentados em uma sessão especial durante o 7º Pan-Amazônico de Oncologia.
Pesquisa
Conforme Morais, o estudo é parte integrante de seu projeto de doutorado pelo Programa de Pós-Graduação em Imunologia Básica e Aplicada da Universidade Federal do Amazonas (Ufam), e teve como objetivo caracterizar a presença do Papilomavírus humano (HPV), tipos 16 e 18, no sangue de mulheres atendidas na FCecon, além de descrever o perfil sociodemográfico. Para isso, foram ouvidas 57 pacientes em tratamento.
“O HPV tipos 16 e 18 são considerados de alto risco para o desenvolvimento do câncer de colo de útero. Existem poucos estudos que demonstram que o plasma sanguíneo pode ser utilizado no monitoramento durante o tratamento de mulheres com esse tipo de câncer, e demonstramos que é possível”, explica Morais.
A detecção de DNA de HPV-16 livre de células no plasma, ressalta Pinheiro, é viável e pode desempenhar um papel importante no monitoramento da resposta ao tratamento do câncer cervical. Contudo, segundo ela, devem haver mais estudos com maior período de seguimento para que seja possível correlacionar a presença de DNA viral no plasma com o retorno da doença.
Perfil socioeducacional
De acordo com Pinheiro, as mulheres atendidas pela FCecon tinham idade entre 26 e 45 anos – 42%; de 46 a 64 anos: 42%; e 64 anos – 14%. Ela explica que a maioria era de cor parda (84%), com o Ensino Fundamental incompleto (36%), médico completo (29,82%) e analfabeta (10%).
“A maioria das mulheres tinha como procedência o interior do Amazonas (50,88%), o que dificultava o andamento do tratamento. Logo após, as mulheres da capital (26,32%) e de outros estados, que representou 22,81%”, tendo a renda familiar menor ou igual a um salário mínimo (75,44%)”, finalizou Pinheiro.
Texto e fotos: Luís Mansueto/FCecon