Pacientes oncológicos devem redobrar cuidados com a alimentação, orienta FCecon

A alimentação saudável é fundamental na vida de qualquer ser humano, mas se torna ainda mais importante para uma boa resposta no tratamento de pacientes oncológicos. A Fundação Centro de Controle de Oncologia do Estado do Amazonas (FCecon) oferece acompanhamento nutricional aos seus pacientes e realizou 84 consultas na especialidade de Nutrição em 2020.

A Fundação atua com quatro nutricionistas, além dos bolsistas na área, que orientam e realizam o acompanhamento nutricional dos pacientes, focando principalmente em alimentação balanceada. Segundo a gerente de Nutrição da FCecon, Bárbara Abrahim, a dieta leva em conta o perfil do paciente e a questão socioeconômica para determinar um cardápio que possa ser seguido.

“A gente tem sempre que pensar em uma alimentação balanceada, uma alimentação em que seja diminuída de gordura, de proteína animal, maior ingestão de vegetais e de frutas. É uma alimentação equilibrada, mas fazemos individual levando em consideração todo o perfil do paciente, a condição socioeconômica do paciente, para podermos fazer um cardápio que ele consiga seguir”, afirma Abrahim.

Já os alimentos que o paciente oncológico deve evitar são os alimentos embutidos, como calabresa e salsicha, e os enlatados em geral.

Resposta – Uma alimentação inadequada atrapalha na resposta imunológica e até mesmo na cicatrização pós-cirurgia, destaca o diretor-presidente da FCecon, mastologista Gerson Mourão. “O paciente normalmente já se encontra comprometido com a própria doença e tem imunidade baixa e dificuldade de absorção de nutrientes. Então a suplementação alimentar e a orientação dada pelos nossos nutricionistas são importantes para que esse paciente se recupere mais rápido”, afirma.

Atendimento ambulatorial – Na FCecon, são atendidos pacientes com os mais variados tipos de câncer, com maior expressividade para os casos de mama, colo de útero e de cabeça e pescoço, segundo o nutricionista da instituição, Ábner Paz. O paciente recebe um encaminhamento da equipe de saúde da Fundação, como médicos, enfermeiros, odontólogos e psicólogos, e é realizada a marcação da consulta.

“Quando o paciente passa por qualquer um dos profissionais que identificam uma dificuldade de se alimentar ou até mesmo perda de peso, todos conseguem fazer a geração de demanda e marcação”, explica Paz. Mas o próprio familiar ou paciente que identifique a necessidade de acompanhamento pode fazer essa solicitação à Triagem Ambulatorial.

Foi o caso da agente de saúde Francisneida da Silva, de 47 anos, que trata um câncer de mama desde 2010. A paciente passou por cinco cirurgias, radioterapia e quimioterapia e agora está na fase de acompanhamento. Ela procurou o atendimento nutricional da FCecon em novembro de 2019 porque queria ganhar peso.

“Eu mesma quis fazer por causa do meu peso. Sempre fui nesse corpo, mas quando fiz a quimioterapia, eu me preocupei para não perder tanto peso”, conta.

Francisneida tem recebido orientação do nutricionista quanto aos alimentos adequados para comer e chegou a ganhar três quilos, além de fazer uma mudança nos hábitos alimentares com maior ingestão de legumes. “Eu me sinto melhor com a mudança na alimentação. Minha pele ficou melhor, ficou bem hidratada. Meu cabelo também melhorou bastante”, comemora.

De janeiro a maio de 2020, foram realizadas 84 consultas com nutricionistas na FCecon. Durante todo o ano de 2019, foram 366 consultas.

Internação – Além das consultas no Ambulatório, a FCecon oferece acompanhamento nutricional aos pacientes internados, que fazem seis refeições por dia – café da manhã, lanche da manhã, almoço, lanche da tarde, jantar e ceia. São priorizadas as fontes de proteína e as fontes de caloria, já que muitos dos pacientes oncológicos têm perda de massa magra e perda calórica elevadas.

Logo após serem internados, antes da cirurgia, os pacientes passam por triagem realizada pelos profissionais da Nutrição, onde é checado se há déficit de nutrientes ou no peso e se será necessário algum tratamento específico em relação à alimentação.

“O cardápio é feito de acordo com o tipo de dieta que está prescrito para o paciente, bem como a inclusão de suplementação quando necessário. Tem dietas que são livres e aquelas dietas em que o paciente só pode comer dieta líquida. Então fazemos de acordo com o que ele está conseguindo ingerir. Câncer de cabeça e pescoço, por exemplo, é geralmente uma dieta líquida completa. Por quê? Porque o paciente não consegue ingerir algo mais sólido em função do tumor”, explica Bárbara Abrahim.

A equipe de Nutrição da FCecon sempre avalia o tipo de tumor e a aceitação do paciente para a realização da prescrição da dieta, buscando uma melhor absorção dos alimentos.

 

Texto e fotos: Laís Pompeu/FCecon