No Dia Mundial de Combate ao Câncer, FCecon alerta para a prevenção e diagnóstico precoce de tumores de testículo
Nesta sexta-feira, 8 de abril, quando se comemora o Dia Mundial de Combate ao Câncer, a Fundação Centro de Controle de Oncologia do Estado do Amazonas (FCecon), chama a atenção para a prevenção e detecção precoce do câncer de testículo, pouco conhecido pela população e que corresponde a 5% das neoplasias malignas em homens. Segundo o diretor-presidente da instituição, cirurgião oncológico Marco Antônio Ricci, esse tipo de câncer está associado a alterações genéticas, uso indiscriminado de anabolizantes ou a uma malformação que acomete crianças e adultos e pode aumentar em 50 vezes as chances de se desenvolver tumores testiculares.
Ele explica que o câncer de testículo é mais comum em homens com idade entre 20 e 40 anos, e pode estar relacionado a um erro em uma proteína denominada P-53, conhecida como a guardiã do genoma humano. Ela é responsável pela correção de alterações genéticas ocasionadas ao longo da vida por fatores externos, como a exposição a vírus, entre outros. A maior parte dessas variações ocasionadas pelas alterações são benéficas ao organismo e uma minoria, considerada maléfica, pode levar uma ou várias células a se perpetuarem, quando o normal é que elas morram, dando continuidade ao processo de envelhecimento do corpo.
De acordo com o diretor-técnico da FCecon, cirurgião oncológico Manoel Jesus Pinheiro Júnior, quando a P-53 perde a capacidade de corrigir eventuais alterações prejudiciais, é iniciado o processo de formação dos tumores malignos, que nada mais é que a proliferação desordenada das células ‘imortais’. “Não se sabe ao certo porque a P-53 perde essa capacidade, mas sabe-se que isso está diretamente associado à formação dos cânceres”, ressaltou.
Outro fator que pode contribuir para o desenvolvimento do câncer de testículo é uma malformação denominada criptorquidia. Trata-se de um problema comum em bebês, por exemplo, ocasionado quando os testículos não descem naturalmente para a bolsa escrotal. Eles acabam se alojando no abdome, ficando expostos a temperaturas elevadas, ambiente inadequado para seu desenvolvimento.
No caso da detecção precoce da criptorquidia, explica o cirurgião, o problema pode ser corrigido com uma cirurgia simples, ainda na fase infantil. Quando não tratada, a malformação aumenta expressivamente as chances de neoplasias malignas nessa região.
Por último, ele ressalta a associação do uso de anabolizantes ao aparecimento de tumores no testículo. A associação se dá porque os anabolizantes ocasionam alterações hormonais, que podem levar a diversas enfermidades, entre elas o câncer de testículo e de fígado.
Diagnóstico
“No caso das crianças, as mães devem ficar atentas para alterações nos testículos, examinando seus filhos e submetendo-os à análise de um especialista em caso de detecção de algo fora do normal. Já os adultos, podem atentar para sintomas comuns à doença, como dores na região e aumento de volume no testículo ou massa no abdome, principalmente”.
O câncer de testículo tem índice elevado de cura e, assim como as demais neoplasias, quando mais cedo descoberto, mais eficaz é o tratamento. No SUS, a FCecon, unidade de referência na Amazônia Ocidental, é a responsável por viabilizar o tratamento. Em geral, ele consiste em cirurgia para a retirada do testículo associada à quimioterapia. Em casos mais extremos, indica-se também a radioterapia. “A cirurgia não ocasiona impotência sexual, que é a sequela mais temida pelos homens quando recebem o diagnóstico de câncer nessa região do corpo. Na maioria das vezes, a sequela decorrente do procedimento é a infertilidade”, concluiu Jesus Pinheiro Júnior.