Março: Mês de conscientização e prevenção do câncer colorretal
O câncer colorretal é uma doença que pode atingir pessoas de diferentes faixas-etárias e que está diretamente relacionado aos maus hábitos de vida e, em uma pequena parcela, associado com o fator hereditário (carga genética transferida de geração para geração). O mês de março foi escolhido por entidades de apoio à causa, para chamar a atenção para a importância da prevenção à doença que, no Amazonas, é a quinta neoplasia maligna mais incidente nos homens e a quarta nas mulheres, apontam dados da Fundação Centro de Controle de Oncologia do Estado do Amazonas (FCecon), unidade de referência em cancerologia na Amazônia Ocidental.
Dados divulgados no início do ano pelo Instituto Nacional do Câncer (Inca), órgão subordinado ao Ministério da Saúde (MS), apontam que no Estado, 280 novos diagnósticos devem ser registrados neste ano, a maior parte (170) em mulheres.
Especialista em cirurgia do aparelho digestivo, o médico Sidney Chalub, da FCecon, explica que, apesar de o câncer ser uma doença geralmente silenciosa e assintomática, alguns sinais, como a mudança no funcionamento e na rotina intestinal, exigem certa atenção.
“A prisão de ventre é um fator de risco importante, pois causa inflamações na parede do intestino que, se persistentes, podem evoluir para uma doença maligna, a longo prazo. Por isso, indicamos que pessoas com idade a partir dos 50 anos, façam anualmente um exame chamado colonoscopia preventiva, que pode ajudar a detectar certas alterações benignas e malignas”, explicou.
Ele ressalta, ainda, que os chamados pólipos intestinais (crescimento anormal da mucosa do intestino) também podem evoluir para um câncer. Quando detectados com mais de dois centímetros, já têm pelo menos dez anos de evolução. “Sendo assim, alertamos que, quanto mais cedo descobertas todas essas alterações, mais fácil promovemos a prevenção através dos tratamentos indicados. No caso de evolução para câncer, vale a regra geral: o diagnóstico precoce aumenta as chances de cura em até 90%”, destacou o cirurgião da FCecon, unidade vinculada à Secretaria de Estado de Saúde (Susam).
Outro exame essencial, tanto para a prevenção do câncer, quanto para a detecção precoce das demais alterações no cólon e no reto, é o de fezes, presente em praticamente todas as indicações de check ups médicos. “Nele, pode-se analisar, por exemplo, a presença de sangue oculto nas fezes, fator que obrigatoriamente deve levar a uma investigação mais aprofundada, com exames complementares como a colonoscopia e até a retossigmoidoscopia, dependendo do caso”, frisou Chalub.
Idosos com anemia frequente também precisam de um cuidado redobrado, pois a diminuição de glóbulos vermelhos pode estar correlacionada ao câncer de intestino grosso, além de outras doenças do sangue e do trato digestivo. “Vale lembrar que, pelo menos 70% dos cânceres, são considerados esporádicos, ou seja, não têm relação com a hereditariedade”, assegurou.
Mudança de hábitos
Uma alimentação rica em gordura e carboidratos pode elevar as chances de se desenvolver diversos tipos de câncer, além de privilegiar a obesidade, que também está relacionada ao desenvolvimento das neoplasias malignas e às doenças cardiovasculares.
No caso do câncer colorretal, Sidney Chalub chama a atenção para o consumo excessivo de carne vermelha, alimento de difícil digestão e que está diretamente associado à doença. “No Norte, temos a vantagem de termos uma alimentação regional rica em fibras. As frutas oriundas da região, como a pupunha, o tucumã e o açaí, são ricos em fibra e, quando consumidos com moderação, podem se tornar aliados na prevenção ao câncer colorretal. Vale lembrar que o consumo de água é essencial para que a receita dê certo. A fibra e a água ajudam no bom funcionamento do intestino, evitando, por exemplo, a prisão de ventre”, explicou o médico.
Ele também destaca que o consumo de carne branca em geral, também é aconselhável. “Sabemos que no Amazonas a variedade de peixes é imensa, o que contribui para uma alimentação mais saudável. Mas, chamamos a atenção para o consumo excessivo da farinha, que tem alto teor de carboidratos e um baixo valor nutricional. Como, culturalmente, as pessoas consomem a farinha quase que diariamente no Estado, recomendamos que ela seja torrada e misturada a algum tipo de cereal, como a aveia”, orientou.
A farinha consumida diretamente do pacote pode vir acompanhada de toxinas e bactérias nocivas à saúde, que desencadeiam, por exemplo, inflamações diversas, entre elas, as ocasionadas pela bactéria H-Pylori, uma das causadoras do câncer de estômago. “A mudança de hábitos, a prática de exercícios físicos, uma boa alimentação e a realização anual ou bianual de um onco-checkup, que inclui diversos exames, considerando cada faixa-etária, podem não só prevenir o câncer, mas promover uma melhoria da qualidade de vida. Isso, por si só, já vale à pena”, concluiu.