Má alimentação pode causar câncer gástrico
A Associação Brasileira de Câncer Gástrico realizou, no último dia 22 (segunda-feira), o I Consenso Brasileiro de Câncer Gástrico, durante a IX Semana Brasileira do Aparelho Digestivo em Florianopólis (SC). De todo o Brasil foram convidados 52 especialistas na área; o Amazonas foi representado pelo oncologista e cirurgião Sidney Chalub, da FCECON, que abordou o tema "Quais os exames fundamentais para o diagnóstico do câncer gástrico?".
Para Chalub, o grande problema enfrentado pelo Brasil e por vários outros países é a dificuldade de detecção precoce do câncer em geral. No caso do câncer gástrico, apenas 10% são detectados precocemente, o que dá uma chance de 80% de probabilidade de cura. O oncologista citou ainda o exemplo de países como o Japão, onde, apesar de uma grande incidência desse tipo de câncer, o índice de precocidade no diagnóstico é de 50%.
No Amazonas, o câncer gástrico é o segundo mais frequente no homem e ocupa a terceira posição no caso das mulheres, com alto índice de mortalidade por conta do diagnóstico tardio. “A maioria dos casos chega ao Cecon em estágio muito avançado, daí a importância do consenso, para que tenhamos uma conduta que norteie um melhor diagnóstico, visando obter uma elevação da taxa de cura e sobrevida da doença”, destacou Chalub.
O câncer gástrico, na sua forma mais frequente, o adenocarcinoma, é o produto final de uma série de alterações celulares e genéticas chamadas mutações, associadas a fatores ambientais e alimentares. De acordo com o especialista, existem substâncias chamadas ‘carcinógenos’ que favorecem o aparecimento dos tumores. Essas substâncias são encontradas em alimentos como conservas em sal, farináceos ou grãos contaminados com aflatoxina, uma potente toxina produzido por fungos; os nitratos e nitritos, presentes em conservantes e adubos; o benzopireno, presente nos alimentos defumados ou assados muito próximos ao carvão; e arroz polido com talco quando contém asbesto resultante do método de abrasão em seu polimento.
A ingestão em grande quantidade e por um longo período desse tipo de alimento aumenta as chances de um indivíduo desenvolver um tumor maligno no seu sistema digestivo.
Com relação a sintomas, Chalub alerta que o principal problema é exatamente a ausência deles, ou seja, como a maiorias dos tumores em sua fase inicial, normalmente não ocorrem sintomas mais evidentes, sendo os mais conhecidos a perda de apetite, desconforto no estômago, náuseas, fraqueza e emagrecimento. “Hoje o diagnóstico do câncer de estômago pode ser feito através da endoscopia digestiva alta, que permite a visualização direta da lesão e a obtenção de material (biópsias) para análise”, indica.