Instituições e sociedade civil reúnem-se para discutir estratégias para o controle do câncer do colo do útero e de mama
O diretor-presidente da FCecon, Dr.Edson de Oliveira Andrade, participou da abertura do seminário (Crédito: Fiocruz)
Reunir gestores e profissionais de saúde da Região Norte e representantes da sociedade civil, para discutir estratégias de controle dos cânceres de colo de útero e mama, foi o objetivo do seminário Controle dos Cânceres de Colo do Útero e de Mama no Brasil – trajetória, avanços e desafios promovido pelo Instituto Nacional de Câncer (Inca) e pela Fundação Oswaldo Cruz, por meio da Casa de Oswaldo Cruz (COC) e do Instituto Leônidas e Maria Deane (ILMD). O evento aconteceu nos dias 20, 21 e 22 de junho de 2012, em Manaus.
Este seminário foi realizado como parte dos esforços estratégicos da Fiocruz de gerar e dar acesso a informações e conhecimentos em saúde; ampliar as pesquisas no campo das doenças crônico-degenerativas e negligenciadas; e trabalhar pela defesa e pelo fortalecimento do Sistema Único de Saúde (SUS). As discussões realizadas visaram o fortalecimento da integração entre os setores diretamente envolvidos nas ações de detecção precoce, a partilha das experiências e dificuldades na implementação destas ações, a divulgação de conhecimentos sobre o controle do câncer em perspectiva histórica e, o apontamento de estratégias para o Plano de Fortalecimento da Rede de Prevenção, Diagnóstico e Tratamento do Câncer.
Para propor políticas públicas é necessário fazer levantamento de dados, assumindo uma postura científica para embasar ações que ajudem a diminuir a incidência do câncer no Brasil, reduzir a mortalidade e proporcionar qualidade de vida a todos os acometidos pela doença. Foi o que afirmou o Diretor Nacional do INCA, Dr. Luiz Antônio Santini. Segundo ele, para avaliar a eficácia das estratégias de vigilância adotadas é importante para que se tenha um conjunto de informações que direcione as ações de controle da doença. Explicou também que os gastos na área tem sido crescentes em virtude da atualização tecnológica e da aquisição de novas drogas para o tratamento do câncer. O custo passou de 759 milhões para 2 bilhões, de 2002 a 2011.
Segundo Dr. Santini, eventos como este trazem à tona as dificuldades e desafios, bem como mostram as oportunidades de melhorias e de mobilização de instituições e da sociedade como um todo para enfrentar as dificuldades de acesso ao diagnóstico e ao tratamento da doença e pela qualidade de vida dos acometidos por ela.
A gerente da Divisão de Apoio à Rede de Atenção Oncológica (Darao/Inca), Beatriz Dias, explicou que para mudar a situação atual do Amazonas como líder em casos de câncer no colo do útero, o primeiro passo é a informação. Todos precisam ter conhecimento da doença e atentar para a prevenção e o diagnóstico precoce através do exame preventivo, principalmente na faixa etária de 25 a 64 anos. Com isso, é possível rastrear as lesões e tratá-las antes que se desenvolvam para um quadro de câncer. “As mulheres não podem ter receio de procurar um serviço de saúde para avaliação e receber orientação necessária em caso de ter alguma alteração na mama e no colo do útero”, aconselhou.
Marília Muniz, chefe do Departamento de Prevenção e Controle do Câncer (DPCC), da Fundação Centro de Controle de Oncologia do Estado do Amazonas (FCecon), explicou que a dificuldade de acesso ao atendimento médico nos municípios distantes do Amazonas tem sido um fator que contribui para o elevado índice de mortalidade de mulheres. A parceria com a Secretaria de Saúde permite o uso de barcos hospitalares e deslocamento de equipes de saúde da família para atender as pessoas, que não podem vir à capital do Estado, fazendo o diagnóstico precoce das lesões primárias e encaminhando para um pólo de tratamento secundário ou para o centro de referência, a undação Centro de Controle de Oncologia do Estado do Amazonas (FCECON-AM), em caso de uma lesão de grau avançado (câncer).
O pesquisador e vice-diretor de Ensino do ILMD/Fiocruz, Dr. Júlio Schweickardt, avaliou que debater sobre os desafios e as ações para prevenção e controle da doença é importante, e é enriquecida quando se pode conhecer as experiências exitosas e conquistas. “É necessário avaliar o passado para enxergar os avanços obtidos e pensar estratégias eficazes para o controle da doença”, concluiu Dr. Schweickardt.
A Dr.ª Maria do Espírito Santo Tavares, da Rede Feminina de Saúde, ressaltou a importância de iniciativas como a da Fiocruz e do Inca de reunir instituições, ONGS e a sociedade civil para discutir uma doença que tem vitimado muitas pessoas no Amazonas, especialmente as mulheres. Afirmou ser essencial o envolvimento de todos e a sensibilização do Governo local para cobrir os gastos crescentes.
A mobilização das mulheres na luta pela prevenção e diagnóstico precoce, bem como pelo acesso a assistência de saúde especializada tem sido de grande importância, afirmou o diretor da FCECON, Dr. Edson Andrade. Segundo ele, também se deveria envolver os homens para motivá-los a buscar sempre o diagnóstico precoce. “É preciso agir para dar acesso à assistência especializada, driblando os altos custos de tratamento, visando sempre a qualidade de vida do paciente e buscando ser uma correia que impulsiona para conquistas de melhorias para as gerações atual e futura”, afirmou Dr. Andrade.
Em Manaus muito se tem discutido a respeito para planejar ações que visem diminuir os casos de morte por câncer. Rita de Cássia Castro de Jesus, da Área Técnica de Saúde da Mulher, da Secretaria Municipal de Saúde (Semsa), relatou que 2012 tem sido um ano marcante para Manaus, pois se tem avaliado as ações e desenhado planos para diminuir a incidência no Amazonas dos casos de câncer da mama e colo do útero. Segundo ela, a meta é reduzir em 70% a mortalidade das mulheres acometidas pelo câncer no colo.
Exposição sobre campanhas de prevenção
Como parte do evento, a Casa de Oswaldo Cruz (COC/Fiocruz) trouxe para Manaus a exposição “Campanhas educativas para prevenção do câncer do colo do útero”. Segundo o Dr. Luiz Teixeira, pesquisador em História da Saúde Pública na Fiocruz Rio de Janeiro, a exposição faz um resgate das ações de prevenção visando uma reflexão do que foi realizado e como pode ser aprimorado. São de grande importância por levar à população para as informações que precisa sobre a doença, quebrando os tabus e incentivando a busca por avaliação médica periódica.
Fonte: Fiocruz
Publicado em: 26/06/2012