INCA e Ministério da Saúde apresentam estimativas de câncer para 2014
O INCA estima cerca de 580 mil casos novos da doença para 2014. De acordo com a publicação Estimativa 2014 – Incidência de Câncer no Brasil, lançada no último dia 27, Dia Nacional de Combate ao Câncer, no Ministério da Saúde, os cânceres mais incidentes na população brasileira no próximo ano serão pele não melanoma (182 mil), próstata (69 mil); mama (57 mil); cólon e reto (33 mil), pulmão (27 mil) e estômago (20 mil). Ao todo estão relacionados na publicação os 19 tipos de câncer mais incidentes, sendo 14 na população masculina e 17 na feminina.
O ministro da Saúde, Alexandre Padilha, e o coordenador de Prevenção e Vigilância do INCA, Claudio Noronha, apresentaram os números, que refletem tendência geral de aumento do número de casos novos, resultado do processo de envelhecimento da população brasileira, mas com tendência de queda de câncer de pulmão, em homens, e do colo do útero, como resultado de longo prazo das ações dos programas nacionais de controle do tabagismo e do câncer do colo do útero.
Divulgada a cada dois anos, a Estimativa é a principal ferramenta de planejamento e gestão pública na área da oncologia, orientando a execução de ações de prevenção, detecção precoce e oferta de tratamento. Excetuando-se pele não melanoma, a ocorrência será de 394.450 novos casos, sendo 52% em homens e 48,% entre as mulheres.
O câncer nas regiões por gênero
Homens
Próstata – Lidera o ranking dos mais incidentes em todas as regiões do País, sem considerar os tumores de pele não melanoma. A região mais afetada é a Sul, com 91 casos a cada 100 mil habitantes, seguida por Sudeste (88 casos por 100 mil); Centro-Oeste (63 casos por 100 mil); Nordeste (47 casos por 100 mil); e Norte (30 casos por 100 mil).
Pulmão – É o segundo mais frequente no País e nas regiões Sul (34 casos para cada 100 mil habitantes) e Centro-Oeste (14 casos por 100 mil). Já nas regiões Sudeste (19 por 100 mil), Nordeste (9 por 100 mil) e Norte (8 por 100 mil), ocupa a terceira posição.
Cólon e reto (intestino grosso) – É o terceiro mais incidente no País. Ocupa o segundo lugar na região Sudeste (23 casos por 100 mil) e a terceira posição na Região Sul (20 casos por 100 mil) e na região Centro-Oeste (12 casos por 100 mil). Na região Norte (4 casos por 100 mil),está na quarta posição. No Nordeste (6 por 100 mil), esse tipo de tumor ocupa o quinto lugar.
Para esse tipo de câncer, os fatores de risco estão diretamente ligados a alimentação inadequada, ao envelhecimento, histórico da doença em parentes próximos e descontrole do peso.
“Uma alimentação balanceada, com baixo teor calórico, rica em frutas, fibras e legumes, associada a hábitos saudáveis, como a prática de atividade física, pode reduzir esse tipo de tumor””, afirma o nutricionista do INCA Fabio Gomes.
Estômago – É o quarto colocado no País. Segundo tumor mais frequente nas regiões Norte (11 casos/100 mil) e Nordeste (10 casos/100 mil). Está em quarto lugar nas regiões Centro-Oeste (11 casos/100 mil) e Sul (16 casos/100 mil) e na quinta colocação na região Sudeste (15 casos/100 mil).
O maior fator de risco é a infecção pela bactéria H.pylori. Outros fatores que contribuem para o surgimento desse tipo de câncer é alimentação pobre em vitaminas A e C e alto consumo de alimentos enlatados, defumados, com corantes e conservados em sal.
Cavidade oral – Ocupa o quinto lugar geral entre a população masculina. Nas regiões Nordeste (7 casos/100 mil) e Sudeste (15 casos/100 mil) ocupa a quarta posição. Na Região Centro-Oeste (8 casos/100mil) está na quinta colocação.
Os principais fatores de risco são o fumo, o etilismo e infecções orais pelo HPV (papilomavírus humano).
Leucemias – Ocupa a quinta posição na Região Norte (4 por 100 mil). No ranking nacional, está na nona posição.
Esôfago – Figura na quinta colocação na Região Sul (16 por 100 mil).
Etilismo e beber líquidos muito quentes, como o chimarrão, são fatores de risco. No Brasil, entre os homens, ocupa a sexta colocação.
Mulheres
Mama – É tipo mais frequente nas regiões Sul (71 casos/100 mil), Sudeste (71 casos/100 mil), Centro-Oeste (51 casos/100 mil) e Nordeste (37 casos/100 mil). Na região Norte é o segundo mais incidente (21 casos/100 mil).
A idade é o principal fator de risco e, o número de casos aumenta de forma acelerada após os 50 anos. Sua ocorrência está relacionada ao processo de urbanização da sociedade, evidenciando maior risco de adoecimento nas mulheres com elevado nível socioeconômico.
Cólon e reto – Segundo mais frequente no País e nas regiões Sudeste (25 casos/100 mil) e Sul (22 casos/100 mil ). É o terceiro mais incidente nas regiões Centro-Oeste (15 casos/100 mil) e Nordeste (8 casos/100 mil). Na região Norte (5 casos/100 mil) é o quarto colocado.
Colo do útero – Ocupa o terceiro lugar geral no País. Está em primeiro lugar na região Norte (24 casos/100 mil). Nas regiões Centro-Oeste (22 casos/100 mil) e Nordeste (19 casos/100 mil) ocupa a segunda posição geral. Na região Sudeste (10 casos /100 mil) é o quarto, e na região Sul (16 casos /100 mil), o quinto mais incidente.
No Brasil, a estratégia de rastreamento preconizada é que as mulheres dos 25 aos 64 anos façam o exame preventivo (Papanicolaou) a cada três anos, após dois exames com intervalo de um ano, com resultado normal.
Pulmão – Quarto tipo mais comum no Brasil. É o terceiro mais frequente nas regiões Sul (21 casos/100 mil hab) e Sudeste (11 casos/100 mil). Nas regiões Centro-Oeste (8 casos/100 mil) e Nordeste (6 casos/100 mil) ocupa a quarta posição. No Norte (5 casos/100 mil) aparece em quinto lugar.
Estômago – É o terceiro mais incidente na Região Norte (6 por 100 mil) e o quinto no Brasil,,no Nordeste (6 por 100 mil) e no Sudeste (8 casos/100 mil)
Tireoide – É o quinto colocado na classificação nacional. Na Região Sul é o quarto colocado com 16 casos novos por 100 mil habitantes. Na região sudeste aparece na sexta posição.
Ovário – É o quinto colocado na Região Centro-Oeste com 7 casos novos por 100 mil habitantes. Na classificação nacional, aparece na oitava posição.
Um pouco mais sobre a estimativa
O número de casos novos para cada tipo de câncer foi calculado com base nas taxas de mortalidade dos estados e capitais brasileiras (Sistema de Informação Sobre Mortalidade – SIM). As taxas de incidência foram obtidas nas 23 cidades onde existem Registros de Câncer de Base Populacional (RCBP). A Organização Mundial da Saúde (OMS) fez uma projeção de 27 milhões de novos casos de câncer para o ano de 2030 em todo o mundo, e 17 milhões de mortes pela doença. Os países em desenvolvimento serão os mais afetados, entre eles o Brasil.
Válidas também para o ano de 2015, as estimativas não podem ser comparadas com anos anteriores, uma vez que não têm como referência a mesma metodologia nem as mesmas bases de dados, tendo em vista que houve melhorias tanto na quantidade, quanto na qualidade das séries históricas de incidência e mortalidade.
Expansão da assistência
O investimento do Ministério da Saúde na assistência aos pacientes com câncer foi de R$ 2,1 bilhões no ano passado, crescimento de 26% em relação a 2010. A previsão é que, até 2014, o valor alocado no fortalecimento do atendimento em oncologia chegue a R$ 4,5 bilhões.
Com o aumento dos recursos, foi possível ampliar a rede de assistência à doença no Sistema Único de Saúde (SUS). Atualmente, 277 hospitais realizam diagnóstico e tratamento de câncer em todo o Brasil, sendo que 11 deles foram habilitados neste ano e outros seis estão em análise. Em dois anos, o número de sessões de radioterapia realizada na rede pública aumentou 17%, ultrapassando nove milhões de procedimentos em 2012.
Esse índice deverá crescer ainda mais com a compra de 80 aceleradores lineares que serão entregues a 63 municípios. Os novos aparelhos de radioterapia, cujo investimento por parte do Ministério da Saúde foi de R$ 500 milhões, resultará em uma expansão de 25% na oferta do tratamento. Também houve aumento no acesso à quimioterapia. Em 2012, o número de sessões realizadas foi 15% maior que o total dois anos atrás.
Na detecção precoce do câncer de mama, houve um aumento de 30% no número de exames preventivos realizados por mulheres que estão dentro da faixa etária prioritária (50 a 69 anos). Foram mais de 2,3 milhões de mamografias em 2012. Considerando todas as idades, o crescimento foi de 25%.
Outro avanço é a incorporação, a partir de 2011, de novos medicamentos no SUS para o tratamento de câncer, como o mesilato de imatinibe (contra leucemia), o rituximabe (linfomas) e trastuzumabe (mama). Somente neste último o investimento anual na oferta do produto é de R$ 130 milhões por ano.
No próximo ano, passam a ser disponibilizados ainda mais dois medicamento para o tratamento de cerca de cinco mil pacientes com câncer de pulmão, o erlotinibe e o gefitinibe.
Publicado em: 10/12/2013.