Histórico de câncer de próstata na família pode aumentar em cinco vezes as chances de contrair a doença

O câncer de próstata, doença que deve atingir, este ano, 28,70 pessoas, em média, para cada 100 mil homens no Amazonas, tem como um dos fatores de risco a questão hereditária, já que indivíduos que possuem casos da doença na família têm cinco vezes mais chances de contraí-la. A informação é do urologista da Fundação Centro de Controle de Oncologia do Estado do Amazonas (FCecon), Cristiano Paiva.

A instituição, vinculada à Secretaria de Estado de Saúde (Susam), é referência no tratamento do câncer em toda a Amazônia Ocidental, e aproveita este mês, conhecido como Novembro Azul, que marca a luta contra a doença no País, para lançar um alerta sobre a importância da prevenção e do diagnóstico precoce. O Amazonas é o 23º estado brasileiro em incidência de câncer de próstata, segundo a estimativa mais recente do Instituto Nacional do Câncer (Inca), o qual aponta uma previsão de 510 casos, só em 2013, no Estado.

Quando se trata das capitais, Manaus sobe três posições no ranking brasileiro, figurando entre as 20 com maior número de casos na tabela de taxa bruta de incidência, ou seja, com 38,61 diagnósticos para cada 100 mil homens, dado considerado preocupante, segundo especialistas.

De acordo com informações do órgão, que é vinculado ao Ministério da saúde, do total de casos de neoplasias malignas entre homens – 2.320 -, que deve ser registrado durante 2013, no Estado, o câncer de próstata sozinho será responsável por 22% deles, já que é o tipo de câncer mais freqüente entre o sexo masculino no mundo, situação que se repete no Brasil e também no Amazonas.

Só na FCecon, foram diagnosticados 77 novos casos, entre janeiro e julho de 2013, além de 34 óbitos decorrentes da doença. Contudo, ressalta o diretor-presidente da instituição, Edson de Oliveira Andrade, o número representa uma parcela pequena dos pacientes que contraem a doença, uma vez que muitos deles já dão entrada para tratamento com o diagnóstico proveniente de outra unidade de saúde do Amazonas e também de estados vizinhos, como Rondônia, Roraima, Pará e Acre.

Causas, prevenção e tratamento

De acordo com o urologista da FCecon, Cristiano Paiva, a base da prevenção, hoje, é a orientação. Ele lembra que pessoas que têm casos de câncer de próstata na família têm mais chances de contrair a doença e, por isso, devem procurar um especialista, a partir dos 40 anos, para os exames preventivos, como o PSA (de sangue) e o toque prostático. Já os que não têm casos na família, devem visitar o urologista, anualmente, a partir dos 45 anos.

Paiva destaca que uma boa alimentação, pobre em gordura e com pouca carne vermelha e sem sobrecarga de carboidratos (como macarrão, batata, arroz, entre outros), pode reduzir as chances de aparecimento da doença. “O Japão tem a menor incidência do mundo de câncer de próstata, pois a alimentação oriental tem pouca gordura”, exemplifica.

Ele também ressalta que a obesidade e o sedentarismo são fatores de risco relacionados à doença. “O sedentário ou obeso, acima dos 40 anos, geralmente é hipertenso e pré-diabético, e entra na síndrome metabólica, que altera o funcionamento do organismo e principalmente o sistema imunológico, responsável por identificar e combater alterações celulares. Ou seja: o organismo fica mais desprotegido, aumentando as chances de desenvolver um câncer”, explica.

Cristiano Paiva também destaca que o hábito do tabagismo, sugerem estudos, também pode influenciar no aparecimento do câncer de próstata, bem como a baixa taxa de vitamina D. “Quem se expõe pouco ao sol, também tem mais chances de ter câncer de próstata”, afirma.

O especialista explica que há uma resistência por parte da população masculina em passar pela avaliação, que exige o toque retal e afirma que, sem ele, as chances de diagnosticar a doença, apenas com o exame de dosagem sanguínea (PSA), cai para 70%. “Com o toque, as chances sobem para 95%”, salientou.

Sobre o tratamento, que é realizado na FCecon, ele destaca que pode ser associado (radioterapia e cirurgia), ou independente (apenas um dos dois). O primeiro tipo ocorre em cerca de 20% dos casos. “Na maioria dos casos, o tratamento é cirúrgico e, em 70% deles, a potência sexual do indivíduo é preservada, uma vez que a equipe da instituição é bastante experiente neste tipo de procedimento”, afirmou o urologista. O Serviço de Urologia da instituição é gerenciado pelo urologista Giuseppe Figliuolo e temas relacionados ao câncer de próstata serão debatidos durante o II Congresso Pan Amazônico de Oncologia, evento promovido pela FCecon, entre os dias 27 e 30 deste mês, no Manaus Plaza Shopping, e cujas inscrições estão abertas no site www.panamazonicodeoncologia.com.br . Serão mais de 90 palestras voltadas à oncologia, com a previsão de participação de 1,2 mil congressistas.

Publicado em: 11/11/2013.