Hepatite e cirrose são os maiores causadores do câncer de fígado


O consumo de álcool associado às formas crônicas das hepatites dos tipos B e C está diretamente relacionado ao câncer de fígado, doença que, embora não apresente grande número de casos no Amazonas, tem registrado alto índice de mortalidade na região. Conforme dados da Fundação Centro de Controle de Oncologia do Estado do Amazonas (FCecon), que possui um ambulatório específico para este tipo de neoplasia maligna, só em 2012, 98 pessoas foram a óbito vítimas da doença no Estado.

A FCecon, órgão vinculado à Secretaria de Estado da Saúde (Susam), é o hospital de referência na Amazônia Ocidental no tratamento no câncer. Segundo um de seus médicos, o especialista em tumores de fígado Sidney Chalub, a maioria dos pacientes que dão entrada no hospital tem mais de 40 anos e apresenta o estágio avançado da doença, já que este tipo de câncer possui uma evolução relativamente rápida frente aos demais.

Por isso a preocupação em informar à população sobre os principais métodos de prevenção da hepatite e da cirrose hepática, doenças consideradas as principais causadoras do câncer de fígado.

Ele ressalta que as hepatites são classificadas da seguinte forma: tipo A – transmitida através da ingestão de alimentos ou de água contaminados por materiais fecais contendo o vírus -, que não resulta em câncer; tipo C – pode ser transmitido por contato sanguíneo – e tipo B, transmitida a partir do contato sexual sem proteção. Estes dois últimos tipos, se não tratados adequadamente, podem evoluir para uma neoplasia maligna.

De acordo com o especialista, o uso do preservativo durante o ato sexual e evitar compartilhar agulhas e seringas, além de imunizar-se com as três doses da vacina contra a hepatite – necessária apenas uma vez na vida -, são as melhores formas de evitar a doença. Chalub esclarece que, mesmo o simples contato de feridas entre duas pessoas, pode tornar-se um fator de alto risco para a aquisição do vírus da hepatite, o qual pode evoluir, futuramente, para um câncer.

“Para uma pessoa que não tem hepatite, as chances são quase nulas de desenvolver um câncer de fígado, a não ser quando é portador de cirrose ou tem contato com substâncias cancerígenas, como o cigarro, por exemplo. Mas, os grandes vilões são os vírus da hepatite B e C. O consumo de álcool também pode acelerar o processo de desenvolvimento do câncer”, ressalta.

Ele destaca que o câncer de fígado na sua fase inicial não apresenta sintomas. No estágio mais avançado, no entanto, nota-se o escurecimento da urina, febre e dores nas regiões da barriga e costas.

Hepatite e cirrose

Sidney Chalub explica que a hepatite tem cura, contudo, os índices variam, considerando cada tipo da doença. “No tipo A da hepatite, o percentual de cura pode chegar a 100%. Já no tipo B, 80%, e no C, 60%”, esclarece. A maior preocupação é dirigida aos portadores da doença na fase crônica, e que, em muitos casos, nem sabem que possuem o vírus, que pode ser detectado a partir do exame de sangue.

O médico alerta que portadores de cirrose hepática, doença associada ao alcoolismo ou à hepatite crônica, também merecem um cuidado especial e devem ser acompanhadao semestralmente de modo a detectar qualquer nódulo precoce ou alteração que possa levar ao desenvolvimento do câncer.

O tratamento é feito, na maioria das vezes, com cirurgia, radioterapia e quimioterapia, todos oferecidos pela FCecon. Há também pacientes que necessitam de transplante de fígado, situação menos comum, segundo o médico. “O controle da doença, geralmente, é feito entre três e cinco anos”, comenta o especialista.

Categorias

Segundo informações do Instituto Nacional do Câncer (Inca), o câncer de fígado é dividido em duas categorias: o primário do fígado e o secundário, ou metastático (originado em outro órgão e que atinge também o fígado). O termo “”primário do fígado”” é usado nos tumores originados no fígado, como o hepatocarcinoma ou carcinoma hepatocelular (tumor maligno primário mais freqüente que ocorre em mais de 80% dos casos), o colangiocarcinoma (que acomete os ductos biliares dentro do fígado), angiossarcoma (tumor do vaso sangüíneo) e, na criança, o hepatoblastoma.

Apesar de não estar entre as neoplasias mais prevalentes, o câncer hepatobiliar requer alta complexidade no seu diagnóstico e proficiência no tratamento. Porém, de acordo com os dados consolidados sobre mortalidade por câncer no Brasil em 1999, o câncer de fígado e vias biliares ocupava a sétima posição, sendo responsável por 4.682 óbitos.

Publicado em: 26/08/2013.