Governo do Estado investe quase R$ 1 milhão em medicamentos de combate e controle do câncer de mama
O Governo do Amazonas investiu cerca de R$ 967,6 mil, nos dois últimos meses, para aquisição de dois medicamentos de alto custo, o Trastuzumabe e o Pertuzumabe, utilizados na Fundação Centro de Controle de Oncologia do Estado do Amazonas (FCecon), no combate a um tipo específico de câncer de mama. Os medicamentos são usados por mulheres que desenvolveram neoplasias malignas de mama e são positivas para o receptor Her2, o que torna a doença ainda mais agressiva. Elas somam cerca de 20% dos casos de câncer de mama no mundo, conforme apontam estudos internacionais.
Atualmente, apenas o Trastuzumabe é pago pelo Governo Federal, para uso em pacientes com possibilidades de cura, restando ao Governo Estadual, financiar a medicação para pacientes com doença em estágio avançado. O Pertuzumabe é comprado com recursos exclusivos do Estado.
Em agosto deste ano, o Trastuzumabe foi incorporado à lista do Sistema Único de Saúde (SUS) para pacientes metastáticas e passa a ser custeado pelo MS a partir de fevereiro, na sua integralidade. O Pertuzumabe, que foi padronizado no último dia 6, em 180 dias passará a ser financiado pelo Governo Federal na sua integralidade. A padronização ocorreu através da portaria n° 57, de 4 de dezembro deste ano, publicada no Diário Oficial da União. Os investimentos da Secretaria Estadual de Saúde (SUSAM) com o Pertuzumabe chegaram a R$ 510.204, entre outubro e novembro. O Trastuzumabe exigiu investimentos de R$ 457.400, no mesmo período.
Trata-se da medicação mais cara do catálogo disponibilizado pela FCecon, atualmente, conforme explica o secretário estadual de Saúde, Francisco Deodato. Segundo ele, a economia anual para o Estado, com a padronização dos dois medicamentos pelo MS, será de aproximadamente R$ 5 milhões.
A diretora-presidente da FCecon, engenheira biomédica Ana Paula Lemes, destaca que a padronização dos medicamentos é ótima notícia, considerando que o câncer de mama é o segundo de maior incidência entre as mulheres, perdendo apenas para o câncer de colo uterino.
Ambos os medicamentos são considerados anticorpos monoclonais, que produzem resposta a um mesmo agente patogênico. De uma forma mais didática, eles não só combatem o câncer, mas também bloqueiam a proliferação das células cancerígenas, aumentando significativamente a sobrevida de pacientes, que antes não tinham bons prognósticos, detalha a gerente do Serviço de Oncologia Clínica da FCecon, médica oncologista Brena Ferreira Uratani.
Trastuzumabe
Brena destaca que o Trastuzumabe é utilizado tanto no tratamento de mulheres com câncer metastático (doença disseminada), quanto nas que apresentam doença localizada, cujas chances de cura são maiores. As modalidades são as seguintes: adjuvante (como forma de complemento a um tratamento principal, geralmente o cirúrgico), ou paliativa (quando o câncer se espalhou e as chances de cura ficam reduzidas).
“Tudo gira em torno do grande avanço no conhecimento sobre o câncer de mama obtido nas últimas décadas e a descoberta do HER2, receptor que fica na superfície tumoral e que desencadeia os sinais para uma proliferação maior do câncer, com maior perfil de agressividade nessas pacientes, consequentemente, gerando maior mortalidade”, ressaltou Uratani.
Pertuzumabe
Já o Pertuzumabe, considerado um duplo bloqueador, é indicado apenas para pacientes com doença metastática, positivas para o receptor HER2 e, em algumas situações, também para o HER 3, apresentando melhores resultados em primeira linha (quando ainda não foi submetida a nenhum tipo de tratamento anteriormente). Ele é um tipo de complemento, utilizado junto ao Trastuzumabe.