Fimose é fator de risco para o câncer de pênis

A fimose (prega de pele que dificulta a exposição da glande, situada na extremidade do pênis) é o principal fator de risco para o câncer de pênis. Quando a cirurgia para a correção, a postectomia, não é feita na fase infantil, com o desenvolvimento do órgão, pode levar ao acúmulo de esmegma (secreção), o que dificulta a higiene correta, e leva ao desenvolvimento da neoplasia maligna, informa o urologista da Fundação Centro de Controle de Oncologia do Estado do Amazonas (FCecon), cirurgião Giuseppe Figliuolo.

Giuseppe ressalta que, a falta de higiene, associada a outros fatores de risco, como o HPV, o tabagismo e outras doenças sexualmente transmissíveis, conhecidas como DSTs, aumentam as chances de se desenvolver o câncer de pênis.

De acordo com ele, nos últimos cinco anos, cerca de 80 casos da doença foram registradas na unidade hospitalar, vinculada à Secretaria de Estado de Saúde (Susam), uma média de 16 casos ao ano. Segundo Figliuolo, cerca de 70% desses casos resultaram em amputação de membro, uma vez que os pacientes procuraram atendimento com o câncer em estágio avançado, o que reduz as chances de preservação do pênis e até de cura.

Por isso a importância de se prevenir, evitando a transmissão de DSTs com o uso do preservativo, não fumando, estando atento para qualquer sinal estranho como verrugas na região genital ou feridas que demoram a cicatrizar, e mantendo hábitos de vida saudáveis, como uma boa alimentação de preferência com pouca gordura animal e muitos vegetais e a prática de exercícios físicos.

O montador naval R.B.M, 27, paciente da FCecon desde 2012, deixou para procurar de forma tardia o tratamento, embora tivesse sentido sintomas da doença meses antes.

Ele explica que sentia fisgadas e dores freqüentes na região genital e que notou uma massa crescendo, mas só foi ter consciência da suspeita de câncer de pênis ao dar entrara em um pronto-socorro da cidade, após uma queda. Lá, eles me avaliaram e disseram que poderia ser câncer. Pouco tempo depois fui encaminhado à FCecon. Desde quando comecei a fazer o tratamento, já passei por quatro cirurgias (uma em 2012 e três este ano).

Agora, o montador passará por tratamento de quimioterapia e avaliações periódicas para acompanhamento. O tratamento é longo, revela Raílson, mas o importante é cuidar da saúde. Procuro orientar as pessoas a se cuidarem depois do que eu passei, pois sei que se eu tivesse procurado ajuda, talvez não tivesse perdido nada, lamenta, ressaltando a importância da prevenção e dos cuidados com a saúde do homem.

Tratamento

O urologista Giuseppe Figliuolo explica que o tratamento, no caso de doença avançada, é cirúrgico, e pode ser associado à quimioterapia. Quanto mais cedo se descobre, maiores as chances de preservar o pênis, destaca. Recentemente, foi desenvolvido um estudo sobre o tema, na FCecon, por meio da Diretoria de Ensino e Pesquisa, entre 2012 e 2013, dentro do Programa de Apoio à Iniciação Científica (Paic-FCecon), que recebe o apoio da Fundação de Amparo à Pesquisa do Amazonas (Fapeam). O artigo será publicado na Revista Brasileira de Cancerologia.

Os resultados da pesquisa também serão apresentados durante palestra do especialista, no II Congresso Pan Amazônico de Oncologia, onde temas como este serão debatidos. O evento acontece entre os dias 27 e 30 de novembro, no Manaus Plaza Centro de Convenções, localizado na avenida Djalma Batista, Zona Centro-Sul de Manaus. As inscrições estão abertas e podem ser feitas no site www.panamazonicodeoncologia.com.br .

O congresso terá outros três eventos simultâneos. São eles: o II Congresso de Enfermagem Oncológica da Região Amazônica, a IV Jornada de Radiologia, a I Jornada de Anestesiologia e a I Jornada Amazonense de Terapia da Dor e Cuidados Paliativos. O congresso oferece 1,2 mil vagas para congressistas. Além dos profissionais do Amazonas, convidados de outros estados brasileiros também irão participar conduzindo parte das 90 palestras programadas.

Publicado em: 07/11/2013.