FCecon realiza cirurgia de pâncreas inédita no Amazonas


A Fundação Centro de Controle de Oncologia do Estado do Amazonas (FCecon), órgão do governo do Estado, realizou, na última semana, a primeira pancreatectomia videolaparoscópica para a retirada de tumor maligno no Amazonas. O procedimento cirúrgico foi executado com sucesso em paciente do sexo feminino, com 60 anos de idade, portadora de câncer no pâncreas, um dos tipos da doença mais difícil de tratar. A equipe estava sob a coordenação do doutor em cirurgia hepatobiliar e cirurgião do sistema digestivo, Sidney Chalub.

Ele explica que a paciente passa bem e já teve alta, mas terá o tratamento complementado com quimioterapia e passará por acompanhamento de equipe multidisciplinar da FCecon.

A cirurgia minimamente invasiva teve três horas de duração, tempo 50% menor do que uma cirurgia convencional com a mesma finalidade. A diferença, explica Chalub, é a forma como o procedimento é executado, utilizando pinças, microcâmera e incisões que vão de meio centímetro a um centímetro de diâmetro, o que reduz o sangramento, o tempo de recuperação e a internação em 80% e também as crises de dor ao paciente, além de eventuais complicações durante o procedimento cirúrgico.

O especialista ressalta que o câncer de pâncreas é um dos tumores mais agressivos do trato digestivo, com alta incidência de mortalidade e de tratamento desgastante ao paciente. Ele acomete, geralmente, pessoas com idade a partir de 50 anos e tem co-relação com o diabetes.

Por isso, ele alerta para a necessidade de acompanhamento e controle do diabetes aos doentes crônicos, para que a doenças seja evitada ou, pelo menos, diagnosticada precocemente, o que aumenta as chances de cura significativamente. “O câncer de pâncreas não tem sintomas no início e, o fato de o pâncreas estar localizado atrás do estômago, torna o câncer naquela área de difícil detecção. Por isso, dores fortes nas costas e na barriga podem ser um sinal de alerta”, explicou. A indicação é a realização de exames de sangue periódicos e, se necessário, de tomografias.

Outros dados

Conforme informações do Instituto Nacional do Câncer (Inca), os tumores de pâncreas mais comuns são do tipo adenocarcinoma (que se origina no tecido glandular), correspondendo a 90% dos casos diagnosticados. A maioria dos casos afeta o lado direito do órgão (a cabeça). As outras partes do pâncreas são corpo (centro) e cauda (lado esquerdo).

Pelo fato de ser de difícil detecção, o câncer de pâncreas apresenta alta taxa de mortalidade, por conta do diagnóstico tardio e de seu comportamento agressivo. No Brasil, é responsável por cerca de 2% de todos os tipos de câncer diagnosticados e por 4% do total de mortes por essa doença.

Raro antes dos 30 anos, torna-se mais comum a partir dos 60 anos. Segundo a União Internacional Contra o Câncer (UICC), os casos da doença aumentam com o avanço da idade: de 10/100.000 habitantes entre 40 e 50 anos para 116/100.000 habitantes entre 80 e 85 anos. A incidência é mais significativa em homens. De acordo com dados mais recentes do Inca, em 2010, a doença matou 7.440 pessoas no País, sendo 3.671 homens e 3.769 mulheres (2010).

Cirurgias

Este é o quarto tipo de método cirúrgico minimamente invasivo adotado pela FCecon desde 2012, a partir da aquisição de um aparelho de videolaparoscopia. Os outros três foram executados em pacientes com câncer de próstata, e também ocorreram sem complicações.

“As cirurgias minimamente invasivas causam menos traumas ao paciente, por evitarem cortes maiores durante os procedimentos. O acesso às estruturas acontece de uma forma mais objetiva e isso faz com que a recuperação pós-operatória do paciente seja mais rápida e menos traumática. A ideia é estender, nos próximos anos, este tipo de procedimento para outras especialidades aqui na Fundação”, disse o diretor-presidente da FCecon, Edson de Oliveira Andrade.

As equipes que realizaram os procedimentos cirúrgicos relacionados à próstata foram coordenadas pelo urologista da FCecon, Cristiano Paiva, autor do projeto que prevê a instalação de uma Sala Inteligente na FCecon, e cujo financiamento da primeira fase já foi aprovado pela Fundação de Amparo à Pesquisa do Amazonas (Fapeam).

A Sala Inteligente terá equipamentos de ponta e será utilizada especificamente para a realização de cirurgias minimamente invasiva em pacientes em tratamento na Fundação. O projeto é desenvolvido pela Diretoria de Ensino e Pesquisa da FCecon.

Publicado em: 30/05/2013.