FCecon ganha destaque nacional pela realização de cirurgia inédita na América Latina
Um procedimento cirúrgico realizado de forma pioneira na América Latina por uma equipe da Fundação Centro de Controle de Oncologia do Estado do Amazonas (FCecon), em 2006, e que consistiu na remoção de 50% do corpo de um paciente de 24 anos, portador de câncer de pele, ganhou destaque nacional a partir do Tratado de Oncologia 2013, uma publicação do Instituto Nacional do Câncer (Inca). O livro servirá como base para estudantes da área da saúde e, em especial, a médicos residentes que almejam especializarem-se na área.
O paciente, que tinha doença em estágio avançado, ficou 100% curado após a retirada das pernas, bacia e parte da coluna vertebral (hemicorporectomia), procedimento complexo que durou 13 horas e foi considerado a única chance de cura do portador do câncer neste caso específico.
A equipe da FCecon, órgão vinculado à Secretaria de Estado da Saúde (Susam), foi composta, na ocasião, por seis médicos, divididos entre as especialidades de cirurgia oncológica e neurocirurgiões (Marco Antônio Ricce, José Jorge , Ênio Lúcio Coelho Duarte, Renato Amaral – médico residente -, Carlos Michel Peres e Carlos Malagutti). O procedimento ocorreu no Centro Cirúrgico do hospital, que hoje é considerado referência no tratamento do câncer em toda a Amazônia Ocidental.
À época, apenas 36 cirurgias deste tipo tinham sido realizadas em todo o mundo, segundo o gerente do Serviço de Cirurgia Pélvica da FCecon, cirurgião Marco Ricce. Ele foi um dos participantes do procedimento citado no Tratado de Oncologia. “A Fundação Cecon foi a instituição pioneira no País nesse tipo de cirurgia, considerada por muitos como uma medida heróica, e que é realizada apenas em centros de alta complexidade de oncologia”, destacou.
O especialista explica que o paciente adquiriu o câncer de pele, que iniciou na região do sacro (próximo à nádega), após repetidos traumas ocasionados por movimentos em uma canoa, e que em seguida se espalhou por outras áreas na parte inferior do corpo, o que os especialistas chamam de metástase.
O câncer tinha a evolução de seis anos, pelo menos e, após exames de biópsia em vários locais, a partir de amostras colhidas no hospital, a equipe chegou à conclusão que seria necessária a remoção de toda a parte inferior do corpo do paciente, cirurgia que acarretava em, pelo menos, 50% de chances de o mesmo vir a óbito, já que se tratava de um procedimento de alta complexidade.
“Após a cirurgia, ele chegou a ficar dois dias na UTI (Unidade de Tratamento Intensivo) e dez dias internado em recuperação. Ele veio do interior do Pará para se tratar aqui e ficou 100% curado”, explicou Ricce. De acordo com ele, após o tratamento, o paciente virou voluntário da instituição, prestando relevantes trabalhos à Fundação. Contudo, quatro anos depois, ele acabou indo a óbito em função de um AVC (Acidente Vascular Cerebral) sem relação com o câncer.
O Tratado de Oncologia, do Inca, está disponível para venda, em dois volumes. O livro foi publicado pela editora Revinter e agrega relatos de procedimentos realizados em instituições de oncologia de todo o País.
Publicado em: 22/11/2013.