FCecon faz alerta para a prevenção ao câncer infantojuvenil

O câncer infantojuvenil é a principal causa de morte por doença em crianças e adolescentes no Brasil e a melhor forma de elevar a taxa de cura é o diagnóstico precoce. É o que afirma a oncopediatra Jeanne Lee Coutinho, da Fundação Centro de Controle de Oncologia do Estado do Amazonas (FCecon), órgão vinculado à Secretaria de Estado de Saúde (Susam). O alerta é feito na data em que se comemora o ‘Dia Internacional de Luta contra o Câncer Infantil’, celebrado no dia 15 de fevereiro.

A data foi instituída com o intuito de sensibilizar a sociedade sobre a importância do diagnóstico precoce. Foi estabelecida em 2002 pela ‘Confederação Internacional de Pais de Crianças com Câncer’ (ICCCPO) para mostrar que todas as crianças e adolescentes merecem o melhor atendimento médico e psicossocial possível, independente do país de origem, raça, condição financeira ou classe social.

Taxa de cura – Em 2018, o Instituto Nacional de Câncer estimou 12.500 novos casos de câncer infantojuvenil, com uma taxa de cura de cerca de 80%, quando diagnosticado precocemente e tratado em centros especializados. No Amazonas, conforme a especialista, a taxa de cura é comprometida por questões logísticas, que dificultam o acesso precoce aos hospitais especializados.

A especialista pontua que a taxa de cura está relaciona com o estadiamento – disseminação pelo corpo –, o tipo de neoplasia e o tratamento adequado. Ela alerta que pais e responsáveis precisam estar atentos aos sintomas inespecíficos e persistentes, como vômitos, cefaleia, dor em membros, febre persistente sem causa aparente, sangramentos, aumento do volume abdominal, fraqueza, perda de peso, sudorese, palidez cutânea, etc.

“Os sintomas inespecíficos e persistentes podem ser confundidos com outros tipos de doenças. Por isso, é importante ficar atento. E, caso persistam, deve-se buscar auxílio médico em uma Unidade Básica de Saúde (UBSs), onde o médico, caso necessário, encaminhará o paciente ao centro especializado para a confirmação do diagnóstico e início do tratamento. Quanto mais precoce o diagnóstico, melhor o prognóstico e maior as chances de cura”, frisa.

IMG_0306

Números – A FCecon atende uma média de 70 casos – neoplasias sólidas – ao ano de cânceres infantojuvenil, enquanto a Fundação Hospitalar de Hematologia e Hemoterapia do Amazonas (Hemoam) recebe cerca de 140 casos novos ao ano – leucemias e linfomas.

Tipos frequentes – A taxa de incidência de cânceres na criança e no adolescente no Amazonas é semelhante a mundial e a brasileira, sendo as neoplasias mais frequentes as leucemias (afetam os glóbulos brancos) e os linfomas, que acometem o sistema linfático.

Entre os tumores sólidos, os mais comuns são os detectados no Sistema Nervoso Central (benignos e malignos), seguidos das neoplasias renais (nefroblastoma e neuroblastoma), sarcomas (‘Ewing’, osteossarcoma e rabdomiossarcoma), retinoblastoma e hepatoblasma, entre outros.

Diferenças – Os cânceres diagnosticados na criança e no adolescente, segundo a especialista, diferem dos adultos por estarem relacionados aos fatores genéticos. Nos adultos, as neoplasias estão relacionadas ao tabagismo, alcoolismo, maus hábitos alimentares, alterações virais, etc.

“Neoplasias ocasionadas por fatores ambientais em adultos, mesmo raras, podem acometer crianças e adolescentes. A exemplo disso, podemos citar duas crianças com menos de 10 anos diagnosticadas com melanoma no ano passado”, explicou a especialista.

Tratamento – Segundo a especialista, a Fundação disponibiliza três modalidades distintas de tratamento oncológico, que envolve cirurgia, quimioterapia e radioterapia. No caso dos tumores sólidos, a terapia depende do diagnóstico patológico e o estadiamento, podendo ser utilizado cirurgia com ou sem quimioterapia e/ou radioterapia adjuvantes – complementares ao tratamento.