Fapeam aprova apoio financeiro de R$ 600 mil para a implantação da ‘Sala Inteligente da FCecon’
O Conselho Diretor da Fundação de Amparo à Pesquisa do Amazonas (Fapeam), órgão do Governo do Estado, aprovou a concessão de apoio financeiro no valor de R$ 600 mil para o início da implantação da primeira Sala Inteligente da Região Norte do País, que será instalada na Fundação Centro de Controle de Oncologia do Estado do Amazonas (FCecon), hospital que faz parte da rede estadual de saúde. Segundo o diretor-presidente da FCecon, Edson de Oliveira Andrade, a medida deve ampliar o número de cirurgias minimamente invasivas em, no mínimo, cinco vezes na instituição.
O espaço será ocupado por equipamentos de ponta e possibilitará, conforme explica o secretário estadual de Saúde, Wilson Alecrim, a realização rotineira de cirurgias minimamente invasivas, as quais reduzem o tempo de recuperação para alta do paciente oncológico e geram uma economia de pelo menos 50% nos procedimentos cirúrgicos.
O projeto, de autoria do pesquisador e médico urologista Cristiano Paiva, está sob a coordenação da Diretoria de Ensino e Pesquisa da FCecon e está orçado em R$ 3,5 milhões. A implantação será dividida em três fases, sendo uma delas a instalação de câmeras e monitores de led para a realização das aulas de telemedicina, onde os acadêmicos poderão assistir, ao vivo, de um auditório montado especificamente para isso, as cirurgias realizadas no local.
De acordo com Cristiano Paiva, a verba inicial será aplicada na aquisição de um aparelho de laparoscopia avançado (com pinças e câmera o qual possibilita incisões de apenas um centímetro para a realização das cirurgias), um carro de anestesia de alta precisão e uma mesa cirúrgica robotizada, mais flexível que as demais.
A primeira etapa do projeto terá a duração de três a seis meses e a previsão é que o novo centro cirúrgico esteja pronto para uso em 2014.
“Essa sala deve ampliar o número de cirurgias (minimamente invasivas) em, no mínimo, cinco vezes. Hoje, na FCecon, a técnica minimamente invasiva é feita apenas pelo Serviço de Laparoscopia Avançada em Urologia, criado em 2012. Com a sala, a técnica deve ser ampliada para os serviços de Cirurgia Pélvica, Cirurgia Oncológica, Cirurgia Torácica, de Cabeça e Pescoço e Oncogineco (ginecologia)”, destacou.
Cristiano Paiva também comentou que com o novo centro cirúrgico as chances de desenvolvimento de trabalhos em parceria com instituições acadêmicas de renome, como a Universidade Federal de São Paulo (Unifesp) e Harvard University (Estados Unidos,) são ampliadas.
Além da Fapeam, devem colaborar para que o projeto seja executado a Secretaria de Estado de Ciência e Tecnologia (Sect) e a Universidade do Estado do Amazonas (UEA).
Procedimentos
Antecipando-se à implantação da Sala Inteligente, o Serviço de Urologia da FCecon vem realizando alguns procedimentos, desde o ano passado, que visam proporcionar uma recuperação mais rápida aos pacientes com câncer de próstata no hospital.
Entre eles está a cirurgia demonstrativa ocorrida na última quarta-feira (20/03), denominada “prostatectomia radical para tratamento de câncer de próstata localizado com a utilização de tesoura ultra-sônica”. Trata-se da retirada total da próstata com um aparelho descartável mais preciso que reduz o sangramento em até 90% durante o procedimento, além de diminuir em 50% o tempo de internação no pós-cirúrgico. O paciente que passou pela cirurgia recebeu alta no último sábado.
“Quando se usa este tipo de tecnologia, com a redução do sangramento, pode-se visualizar melhor a estrutura, em especial a do nervo responsável pela ereção, que se localiza próximo à próstata. Assim, ficam reduzidas as chances de o paciente sofrer, futuramente, com disfunção erétil”, alega o urologista.
Além dessa, as videolaparoscopias já ocorrem todos os meses com a mesma finalidade dentro da especialidade de urologia. A técnica laparoscópica também já foi testada para a retirada de nódulo renal – nefrectomia radical e parcial. “Nesse caso, a maior parte do rim fica preservada, o que pode não ocorrer nas cirurgias convencionais”.
No geral, explica o especialista, os procedimentos minimamente invasivos, por dispensarem incisões maiores (geralmente de dez centímetros), causam menos dor, a recuperação e o retorno às atividades habituais são mais rápidos, a taxa de transfusão é menor bem como a necessidade de internação em Unidade de Tratamento Intensivo (UTI).
Publicado em: 27/03/2013.