Exames preventivos são a principal arma contra o câncer

Considerados como a grande arma em favor da prevenção e do diagnóstico precoce, os exames preventivos têm se mostrado cada vez mais importantes na vida das mulheres, afirmam especialistas da área oncológica, que sustentam que, quanto mais cedo a doença é descoberta, maiores são as chances de cura. Neste mês, em que acontece a campanha Outubro Rosa, desenvolvida pela Fundação Centro de Controle de Oncologia do Estado do Amazonas (FCecon), em parceria com ONGs de apoio à causa, o reforço vai para a necessidade de se realizar exames como a mamografia e o Papanicolau, que podem prevenir ou identificar precocemente, os tipos de câncer mais incidentes entre as amazonenses: o de colo uterino e o de mana.

De acordo com o diretor-presidente da Fundação Centro de Controle de Oncologia do Estado do Amazonas (FCecon), vinculada à Secretaria de Estado de Saúde (Susam), Edson de Oliveira Andrade, no caso da mama, existem três modalidades que podem apontar a presença de nódulos ou tumores: o autoexame, a ultrassonografia mamária e a mamografia. Já no caso do câncer de colo uterino, o exame que tem se mostrado mais eficaz, nas últimas cinco décadas, é o Papaniculau, conhecido popularmente como preventivo.

O especialista em saúde das mamas, mastologista da FCecon Gerson Mourão, explica para qual idade cada exame deve ser indicado. De acordo com ele, protocolos internacionais orientam a realização do autoexame das mamas a partir dos 18 anos, para todas as mulheres. Ele é um mecanismo eficaz quando se trata de identificar pequenos caroços nos seios, que podem ou não indicar a presença de um câncer (no caso dos tumores sólidos). Quando detectado o tumor na fase inicial (do tamanho de um caroço de azeitona), as chances de se preservar a mama, durante um eventual procedimento cirúrgico, são maiores.

“Quando a mulher sente o caroço pequeno na mama, durante o autoexame, que é quando ela apalpa os seios em busca de alguma alteração, ele já tem cinco anos de evolução. É importante ressaltar, também, que esse tipo de exame deve ser feito cinco ou dez dias após a menstruação, pois antes disso, as mamas estarão sob estimulação hormonal e suas características são modificadas, podendo confundir as mulheres”, destacou.

No caso de mulheres com idade até 30 anos, o ideal é a ultrassonografia mamária. Isto porque, dificilmente mulheres com esta idade desenvolvem câncer e a ultrassonografia é ideal para reconhecer nódulos, que são mais comuns às mulheres mais jovens. Ela aponta, ainda, a presença de microcalcificações na mama. Este tipo de exame, apesar de relevante, não é considerado como de rastreio do câncer, afirma Mourão.

A mamografia, um dos pilares da detecção do câncer de mama, é indicada pelo Ministério da Saúde para mulheres a partir de 50 anos e deve ser realizada a cada dois anos. “Contudo, especialistas acreditam que a margem de segurança aumenta se ela for realizada a partir dos 40 anos de idade, anualmente, pois, a partir desta faixa-etária, o aparecimento do câncer passa a ser mais comum”, destacou o especialista.

Entre os fatores de risco, o médico aponta o tabagismo, alcoolismo, obesidade após a menopausa e o sedentarismo. O cigarro, porque as substâncias nocivas ficam armazenadas na parede do duto mamário por anos e, mesmo após abandonar o vício, elas só começam a ser eliminadas 15 anos depois. Além disso, fumo aumenta a produção do estrogênio, hormônio feminino que auxilia na multiplicação celular, contribuindo para o aparecimento da doença. O mesmo ocorre com a obesidade.

No caso do alcoolismo, explica Mourão, o problema está na alteração de enzimas no fígado, que são responsáveis pela distribuição do estrogênio, o que também aumenta a possibilidade de aparecimento do câncer de mama. A multiplicação celular está diretamente associada ao aparecimento do câncer, que nada mais é, que a proliferação desordenadas de células que, por algum motivo, não morrem, como acontece com as demais no corpo humano durante o processo de envelhecimento.

“Por isso, também é importante a adesão a um estilo de vida mais saudável, com a prática de exercícios físicos, por exemplo, reduzindo a produção de radicais livres, que também são responsáveis pela multiplicação celular”, destacou. Uma alimentação saudável previne todos os tipos de câncer e, no Amazonas, a população pode se considerar privilegiada, de acordo com o médico. “Temos uma dieta rica em peixe, que agrega muito ômega 3, uma gordura boa que diminui a presença de radicais livres”, explicou.

Ele alerta para o fato de que o câncer de mama não é prevenível. Embora alguns hábitos reduzam em até 50% a possibilidade de se desenvolver a doença, a mulher não fica imune à presença deste tipo de neoplasia, que também está associada ao fator hereditário. “Mulheres que tem histórico de câncer na família tem mais chances de desenvolver a doença”.

Colo uterino

O ginecologista e diretor-técnico da FCecon, Ademar Carlos Augusto, destaca que o exame Papanicolau foi descoberto há mais de 50 anos e ainda tem se mostrado o mais indicado na detecção do HPV, vírus responsável por mais de 90% dos casos de câncer de colo de útero no mundo, e também da identificação da própria doença, bem como, de suas lesões precursoras.

O Ministério da Saúde preconiza que o exame seja feito seguidamente por dois anos e, em caso de normalidade, repetido após três anos. Entidades ligadas à ginecologia defendem, no entanto, que ele seja feito anualmente, por mulheres que já iniciaram a vida sexual. “É importante frisar que as mulheres não precisam ter câncer de colo uterino. Basta fazer o preventivo, que detecta lesões antes mesmo de elas se tornarem cancerígenas, podendo evitar um tratamento prolongado e desgastante e, consequentemente, salvando vidas, já que o câncer de colo de útero, além do mais incidente no Amazonas, é o tipo da doença de maior mortalidade no nosso estado, entre o sexo feminino”, frisou.

Outra medida preventiva, adotada pelo Governo Estadual, é a vacinação contra o HPV, que vem acontecendo desde 2013, abrangendo meninas com idade entre 9 e 11 anos, e que evitará que no futuro, as meninas imunizadas desenvolvam o câncer de colo de útero.