Estudo na área da farmacologia no Amazonas traz resultados positivos
A máxima “”a cura do câncer está na Amazônia”” vem ganhando força com pesquisas consistentes realizadas a partir da flora da região, e que já apresentam resultados positivos. Um exemplo é o estudo, iniciado em 2002, pelo doutor em química de produtos naturais e professor da Universidade Federal do Amazonas (Ufam), Anderson Cavalcante Guimarães. Os primeiros resultados da pesquisa preliminar, feita com a Erva de Passarinho, apontaram indícios de atividade antineoplásica, e podem, no futuro, se tornar uma das armas contra o câncer.
Durante sua palestra, nesta sexta-feira (29), no II Congresso Pan Amazônico de Oncologia, ele explicou que um teste, feito ano passado, in vitro, a partir de células, apontou atividade antitumoral para metástase no caso de melanoma, tipo de câncer que atinge a pele. O Congresso, que está sendo realizado no Centro de Convenções do Manaus Plaza Shopping, com encerramento neste sábado (30), é promovido pela Fundação Centro de Controle de Oncologia do Estado do Amazonas (FCecon), órgão vinculado à Secretaria de Estado da Saúde (Susam).
Durante a palestra, Guimarães explicou que, muito embora os resultados sejam otimistas, ainda será necessário realizar uma série de testes, o que deve levar alguns anos, para garantir a segurança do uso do medicamento em pacientes oncológicos. De acordo com o farmacêutico, a ideia de iniciar a pesquisa surgiu quando ele trabalhava na FCecon, na década de 90, durante a coleta de relatos de pacientes que afirmaram ter utilizado ervas e obtido bons resultados. Contudo, ele afirma que, embora acredite na crendice popular, o uso abusivo e aleatório de ervas consideradas medicinais pode acarretar em prejuízos à saúde e afirma que a confirmação científica da eficácia é extremamente necessária. “Mesmo que os primeiros resultados apontem a atividade antineoplásica, a partir de substâncias ativas, é preciso realizar testes que apontem se a planta não é tóxica”, ressalta. De acordo com ele, a pesquisa é realizada com o apoio da Ufam e da Fiocruz (Fundação Oswaldo Cruz).
Biologia molecular
O Papanicolau, ou preventivo, é conhecido como um dos métodos mais eficazes de apontar indícios do câncer de colo uterino, ou o HPV, vírus responsável por mais de 90% dos casos da doença no mundo. Mas, novos métodos de biologia molecular têm apresentado resultados eficazes neste sentido. Este foi o tema da palestra apresentada pelo pesquisador da Universidade de São Paulo (USP), José Eduardo Levi.
Com o tema ‘Rastreio molecular do câncer cervical ‘, ele explicou que o método tradicional baseia-se na observação de alterações em células colhidas do colo uterino e colocadas em uma lâmina, para serem visualizadas ao microscópio. Já os testes moleculares buscam detectar o DNA do vírus HPV (Papilomavírus Humano), responsável pela maioria dos casos de câncer cervical. “Estamos começando uma pesquisa comparativa do teste tradicional com o molecular, que poderá embasar uma mudança do primeiro para o segundo no Amazonas”, destaca.
De acordo com ele, a importância do tema sustenta-se pelo fato de o câncer de colo uterino ser o segundo mais incidente entre as mulheres no mundo, perdendo apenas para o câncer de mama. No Amazonas, o câncer de colo de útero é o primeiro entre as mulheres. Atualmente, são 500 mil novos casos no mundo todo e cerca de 18 mil no Brasil, com uma taxa de mortalidade elevada”, destaca Levi.
Ainda nesta sexta-feira, o congresso trouxe as palestras relacionadas à VIII jornada Amazonense de Anestesiologia e à II Jornada Amazonense de Dor e Cuidados Paliativos, além de uma apresentação sobre prevenção e diagnóstico da infecção pelo HPV e do câncer de colo de útero. No sábado, acontecerá a IV Jornada de Radiologia, com temas como ressonância mamária e mamografia, ressonância cardíaca, entre outros.
Publicado em: 29/11/2013.