Equipe multidisciplinar realiza cirurgia torácica com extração total de tumor e reconstrução na região da escápula
Uma equipe multidisciplinar da Fundação Centro de Controle de Oncologia do Estado do Amazonas (FCecon) realizou, no último dia 22, um procedimento cirúrgico inédito que durou mais de oito horas e incluiu quatro momentos: a extração total de um tumor maligno de aproximadamente 20 centímetros da região da escápula (próximo ao ombro) acompanhada de enxerto com retalho muscular e cutâneo (de pele) retirado da região inferior das costas.
O paciente, de 29 anos, que passou pela reconstrução, se recupera bem e já recebeu alta hospitalar. Ele era portador de um tipo raro de neoplasia: histiocitoma maligno (parte mole), que já estava em fase avançada. Participaram da cirurgia os médicos André Luiz Domingues, Tatiana Cattebece e José Corrêa Lima Neto, todos da equipe de cirurgia torácica da fundação, além do especialista em cirurgia plástica Jorge Cabral Neto.
Segundo Cabral Neto, a neoplasia retirada pela equipe de cirurgia torácica já estava em estágio avançado. Por isso, o procedimento foi considerado complexo. “Foi necessário ressecar, inclusive, a escápula inteira, para realizar, em seguida, a reconstrução plástica”, explica.
De acordo com o especialista, sem o enxerto, o paciente ficaria com um déficit significativo na região, ou seja, com uma cavidade sem preenchimento de músculo e sem a proteção da pele, o que poderia limitar seus movimentos e deixaria uma área de ferida constante de aproximadamente 30 centímetros. “Para fechar por segunda intenção (cicatrização sem o preenchimento de músculo e pele) seria algo péssimo para o paciente, até porque, o tumor foi retirado na íntegra, expondo, inclusive, as costelas”, ressalta.
Sem a reconstrução, seria necessária, ainda, a realização de pelo menos duas cirurgias em tempos diferentes, o que obrigaria o paciente a passar por dois períodos de internação e receber duas anestesias. Com o avanço no processo cirúrgico, a ideia é que pacientes com diferentes tipos de câncer passem pela cirurgia de reconstrução, incluindo mulheres mastectomizadas. “Não existe restrição de idade para esse tipo de cirurgia, desde que o paciente esteja clinicamente apto para tal procedimento e à anestesia”, concluiu Cabral Neto.
Recuperação
O tempo de recuperação do paciente, morador de Monte Alegre, no estado do Pará, será de alguns meses. No pós-operatório, período em que se atesta o sucesso do enxerto, o paciente mostrou rápida evolução, ficando internado por apenas uma semana na unidade hospitalar, sendo dois dias na Unidade de Tratamento Intensivo (UTI).
Ele recebeu alta na última sexta-feira (29/07) e passa bem. O paciente receberá acompanhamento periódico da equipe do Cecon por meio de exames e contato direto.