Curso sobre estomias intestinais e úlceras por pressão abre Semana Amazonense de Enfermagem na FCecon
A Fundação Centro de Controle de Oncologia do Amazonas (FCecon) comemorou o Dia do Enfermeiro (ontem, 12 de maio) com a abertura da “Semana Amazonense de Enfermagem”. A programação da unidade hospitalar teve início às 8h, com o curso sobre curativos, ministrado pela enfermeira da fundação, Glauciane Moreira Neves, e se estendeu até o meio dia. Os temas escolhidos foram: Estomias Intestinais e Úlceras por Pressão. Cerca de 70 pessoas, entre estudantes e enfermeiros, compareceram na ocasião.
No próximo dia 17, a programação fica a cargo da enfermeira Lilian Behring, da Universidade Estadual do Rio de Janeiro (UERJ), que aplicará, entre 8h e 22h, o treinamento sobre o Guide Line 2010: principais condutas nas arritmias cardíacas e complicações relacionadas aos quimioterápicos e urgência oncológica, no auditório do 3º andar da fundação (rua Francisco Orellana, Planalto, Zona Centro-Oeste).
Durante o curso de curativos, ocorrido ontem, Glauciane Moreira explicou que a Estomia é um tema relativamente novo na enfermagem. Trata-se da abertura abdominal utilizada para exteriorizar qualquer úlcera para a eliminação de fezes. Ela é mais conhecida pelos métodos cirúrgicos colostomia (exteriorização do intestino grosso, mais comumente do cólon transverso ou sigmóide, através da parede abdominal) e ileostomia (cirúrgica realizada para trazer o íleo através da parede abdominal).
Foram destacados durante o curso métodos de avaliação (cor e condições do estoma), causas (câncer de colorretal e bexiga, doenças inflamatórias, traumas, anomalias congênita, infecções perineais graves, entre outros), mudanças no estilo de vida no pós-cirurgia, classificações das estomias (temporárias – obstrução de cólon esquerdo, processos infecciosos perineais –, definitivas – terminais ou em alça, onde há amputação) e identificação (lado direito – ileostomia, colostomia e urostomia –, e esquerdo – os demais tipos).
A abordagem adequada foi uma das prioridades de subtemas tratada com os alunos. Segundo a enfermeira, no quesito pré-operatório, deve-se avaliar o preparo físico, fazer a demarcação abdominal, incentivar o envolvimento familiar em todo o processo e realizar entrevista para levantamento de dados. No período pós-operatório, as prioridades são a orientação sobre a utilização de medicamentos e da bolsa de coleta, a adaptação no estilo de vida, reabilitação, assistência psicológica, suporte nutricional e qualidade de vida para o paciente. A ausência dessa abordagem pode comprometer a estrutura familiar do paciente, já que o mesmo entrará em uma nova fase após a cirurgia.
Prevenção de úlcera por pressão
Na segunda parte do curso, foram tratados temas relacionados à prevenção da úlcera por pressão. Trata-se de uma lesão localizada na pele, tecido ou estrutura subjacente, geralmente sobre uma proeminência óssea, resultante da pressão isolada ou combinada com fricção (atrito, esfregação que se faz sobre uma parte do corpo) ou cisalhamento (tensão gerada por forças aplicadas em sentidos opostos). Geralmente ocorre quando o paciente fica deitado muito tempo na mesma posição, comprometendo a pele, por exemplo.
Segundo dados divulgados no curso, no Brasil, a prevalência vai de 3% a 11% nos pacientes internados. Em pessoas com pele negra, a incidência é menor, pois a pele possui maior proteção tecidual. Contudo, em idosos em geral, o índice pode chegar a 80%, já que a camada que divide a epiderme da derme fica mais delicada com o passar dos anos. Nos casos de doenças neurológicas ou oncológicas, há um aumento nesse percentual.
Quando se tratando de úlceras por pressão, o maior desafio, segundo a enfermeira, é saber identificar em que estado a lesão se encontra, da menos grave para a mais grave (profundidade e diâmetro), além de selecionar o curativo adequado para cada estágio, respeitando a fisiologia de cada paciente.
Ela distingue as principais causas de tal maneira: intensidade da pressão, duração da pressão e tolerância tecidual (cisalhamento, fricção, umidade, déficit nutricional, entre outro). Glauciane destaca que a ruptura dos vasos que formam as úlceras pode causar até mesmo necroses, na pior das hipóteses. Para tanto, houve a apresentação de casos recentes estudados pela enfermeira.
Entre os métodos de prevenção colocados por ela, estão a possibilidade de não arrastar o paciente de uma maca para outra e a mudança de posição periódica. Todo o processo deve ser seguido de um método de avaliação que inclua um plano de tratamento, acompanhamento de cicatrização e monitoramento.