Frutos amazônicos podem ajudar a prevenir o câncer colorretal


Frutos regionais, do Norte do País, podem ser uma arma na prevenção do câncer colorretal, doença que atinge o intestino grosso e o reto, e que deve registrar, no Amazonas, 630 casos este ano, segundo estimativa do Instituto Nacional do Câncer (Inca). Conforme o especialista em sistema digestivo, cirurgião da Fundação Centro de Controle de Oncologia do Estado do Amazonas (FCecon), Sidney Chalub, frutas como pupunha, tucumã, ingá, camu-camu, buriti, entre outros, têm alto teor de fibras e contribuem para o bom funcionamento do intestino, ajudando a prevenir a doença.

O câncer colorretal atinge, em sua maioria, mulheres, conforme estimativa do Inca, que aponta o aparecimento de todos os casos no Estado em pessoas do sexo feminino. Contudo, Sidney Chalub, médico da FCecon, hoje considerada a unidade de referência no tratamento do câncer em toda a Amazônia Ocidental, explica que a doença também pode acometer homens. Ele destaca que a doença, geralmente, se desenvolve de forma silenciosa, e quando apresenta dor, já pode estar em estágio avançado.

Para evitá-la, é indicada uma dieta rica em fibras, presentes em uma série de frutas – incluindo as regionais -, além de grãos e cereais, e consumo de água – que ajuda na movimentação da fibra no intestino. A prática de exercício físico, e evitar alimentos processados, de carne vermelha, cigarro e bebidas alcoólicas em excesso, também podem contribuir com a prevenção. Para quem tem prisão de ventre, a atenção deve ser redobrada.

“A prisão de ventre faz com que as fezes tenham contato por mais tempo com o intestino. A obesidade, o sedentarismo e a prisão de ventre juntos, podem aumentar em até três vezes as chances de se adquirir a doença”, destaca Sidney Chalub. De acordo com o especialista, que também é doutor em patologia cirúrgica, alimentos ricos em vitaminas D e E também ajudam a prevenir o câncer, pois agem como antioxidantes, além do cálcio, forte aliado na prevenção. Ele lembra que a incidência deste tipo de câncer é mais comum em países industrializados, como Inglaterra e Estados Unidos.

Fatores de risco, preventivo e tratamento

Este tipo de câncer tem como principais fatores de risco dieta pobre em fibras e vegetais e rica em gordura, hábito do tabagismo, sedentarismo, obesidade, além de história familiar de câncer e pólipo retal (crescimento anormal na região do cólon, considerado como doença pré-maligna, que antecede o câncer).

Sendo assim, o especialista alerta para a necessidade de se fazer o exame de colonoscopia (endoscópico do intestino grosso), considerado preventivo desta forma da doença, a partir dos 50 anos, e repeti-lo a cada dez anos, com exceção de quem possui história de câncer na família, que deve fazê-lo anualmente, a partir dos 40 anos, por conta do fator da pré-disposição genética.

“Este tipo de exame detecta lesões pré-cancerígenas, que podem ser tratadas antes de evoluírem para o câncer. Como todo tipo de câncer é mais comum em pessoas com idade acima de 50 anos, recomenda-se a colonoscopia a partir desta idade”, explicou.

Ele ressalta que, embora os sintomas do câncer colorretal possam ser confundidos com outras doenças, alguns indícios pedem atenção e uma visita ao especialista. São eles: eliminação de sangue nas fezes ou fezes escurecidas, anemia inexplicável em pessoas acima de 50 anos, e lesões ou feridas na parede do intestino que não manifestam dor, sangramento pelo reto e sensação de evacuação incompleta. “Esses sintomas podem indicar um câncer em estágio inicial. Quando detectado inicialmente, as chances de sucesso no tratamento são superiores a 80%”, destaca Chalub.

Sidney Chalub alerta que os casos de câncer colorretal têm aumentado em pessoas jovens que dão entrada na FCecon e assegura que é necessária uma mudança nos hábitos de vida para que a doença não passe a ser comum em pessoas com idade inferior a 50 anos.

“ Temos notado pacientes com idade entre 20 e 30 anos com entrada mais frequente no hospital com este tipo de doença. Se você começa a ter uma mudança do hábito intestinal, se começa a ter prisão de ventre ou diarria de forma inexplicada, aí tem que procurar o especialista para uma avaliação mais aprofundada, porque é através dos exames específicos que se pode detectar o problema na forma mais precoce possível”, comenta o médico.

O tratamento para o câncer colorretal envolve, na maioria das vezes, cirurgia para a retirada da parte do intestino afetada pelo tumor, e quimioterapia. No caso do reto, pode-se aplicar também a radioterapia. Os três tratamentos, que podem ser feitos de forma associada, são fornecidos gratuitamente pela FCecon, unidade vinculada à Secretaria de Estado da Saúde (Susam).

Publicado em: 07/04/2014.

Texto: Ana Carolina Barbosa