Diagnósticos precoces de câncer de próstata têm avançado no Amazonas
Nos últimos dois anos, o aparecimento de casos de câncer de próstata em pessoas mais novas, com idade inferior aos 60 anos, tem se tornado comum no Amazonas, o que mostra que os homens têm buscado mais cedo a prevenção. Segundo o chefe do Serviço de Urologia da Fundação Centro de Controle de Oncologia do Estado do Amazonas (FCecon), urologista Giuseppe Figliuolo, com o diagnóstico precoce, as chances de cura da doença chegam a até 90%. A unidade de saúde, vinculada à Secretaria de Estado da Saúde (Susam), é referência no tratamento do câncer em toda a Amazônia Ocidental.
De acordo com Giuseppe, os homens têm se conscientizado da importância da realização de exames preventivos que podem apontar alterações na próstata. Ele explica que o câncer de próstata é mais comum em pessoas com 60 anos ou mais. “Tenho atendido muito paciente com 80 anos aqui na Fundação. Esses têm mais probabilidade de apresentar alguma alteração”, destacou.
Segundo o especialista, há dez anos, a realidade era outra, uma vez que os homens procuravam ajuda tardiamente, quando a doença já estava avançada, reduzindo as possibilidades de sucesso no tratamento e também as chances de sobrevida. “Hoje, podemos dizer que o número de casos vem aumentando porque o número de diagnósticos precoces cresceu, e as chances de cura também”, destacou.
Como se prevenir
A indicação, segundo Figliuolo, é que homens com idade a partir de 45 anos, procurem o urologista para a realização do toque retal e do exame de PSA, capazes de apontar eventuais alterações que podem levar ao câncer. Destaca, ainda, que pessoas com casos da doença na família, devem buscar a prevenção mais cedo, aos 40 anos.
No caso de confirmada a suspeita do câncer, o que ocorre, geralmente, a partir da realização de biópsia (análise patológica), os tratamentos indicados são cirúrgico (para a extração da próstata) e radioterápico. Em casos com metástase, quando a doença se manifesta em outras partes do corpo, também pode ser adotado o tratamento quimioterápico. Os três são oferecidos gratuitamente na FCecon, que recebe apenas pacientes com diagnóstico ou suspeita da doença.
Giuseppe Figliuolo afirma que, nos últimos anos, o Serviço de Urologia da FCecon tem avançado, utilizando técnicas como a cirurgia videolaparoscópica, procedimento minimamente invasivo, que conta com o auxílio de pinças e uma microcâmera.
A partir dele, as chances de se preservar a potência sexual e a continência urinária do paciente aumentam significativamente. O tempo de recuperação também é uma qualidade atribuída ao procedimento, bem como a redução de dores e das chances de se utilizar a transfusão sanguínea nas cirurgias. “Hoje, o Serviço de Urologia da FCecon realiza, em média, 10 cirurgias por semana. O tratamento, em geral, para o câncer de próstata, quando diagnosticado cedo, leva cerca de dois anos, e o paciente passa por acompanhamento por mais três anos, para garantir que a doença não retornou”, acrescenta o urologista.
Ele alerta aos homens que busquem o exame preventivo na rede pública ou privada na idade correta, pois o câncer de próstata, em fase inicial, não apresenta qualquer sintoma. Já na fase avançada, pode acarretar em sangramentos na urina, obstrução urinária, dor óssea – uma vez que a metástase óssea é uma das mais comuns em casos de câncer de próstata em estágio avançado – e emagrecimento.
Na rede pública, a consulta é feita a partir do agendamento feito pelo Sistema de Regulação (Sisreg), para especialistas do Estado. Geralmente, este agendamento é feito a partir da atenção básica, ou seja, unidades de saúde do município. O encaminhamento é feito às Policlínicas Codajás, Gilberto Mestrinho, e à Fundação Hospital Adriano Jorge, unidades da Susam.
Segundo o Instituto Nacional do Câncer (Inca), o Amazonas deve registrar, este ano, 510 casos da doença (27,94 casos para cada 100 mil homens). Deste total, 320 casos estarão concentrados na capital (35,03 casos para cada 100 mil pessoas do sexo masculino).
Publicado em: 28/02/2014.