Técnicas de curativo e os desafios frente às tecnologias inovadoras
Um curativo feito de forma adequada faz toda a diferença na hora da cicatrização. Este foi o recado repassado a mais de 80 estudantes e profissionais da enfermagem durante palestra proferida, na manhã desta quarta-feira (16/05), pela enfermeira e membro da Comissão de Controle em Infecção Hospitalar (CCIH) da Fundação Centro de Controle de Oncologia do Estado do Amazonas (FCecon), Glauciane Neves, em atividade inserida na programação das Semanas Brasileira e Amazonense de Enfermagem. O tema escolhido pela palestrante foi “Tecnologia de controle de infecções em feridas”.
Na apresentação, que durou cerca de uma hora, ela explicou os métodos indicados para diagnosticas e evitar as infecções além da ação de anti-sépticos nas feridas, entre outros.
Segundo a enfermeira, que tem no currículo várias especializações, entre elas as de Oncologia e Infecção Hospitalar, as bactérias são capazes de penetrar em até 67 camadas de gaze. Por isso a importância do conhecimento na hora da diferenciação da contaminação, colonização e da infecção com base nas características da lesão.
No primeiro caso, a bactéria atinge apenas a superfície da lesão. Já no segundo, a colonização, ela atinge a superfície, porém, retarda a cicatrização. No estágio de infecção, além de apresentar as características anteriores, a bactéria eliminando toxinas (exotoxinas) nocivas ao tecido. Neste caso, especificamente, um dos tratamentos mais demorados é o aplicado em pacientes diabéticos, os quais têm dificuldade de cicatrização em decorrência da doença.
Glauciane destaca que, mesmo após morta pela ação de antibióticos, a bactéria ainda transmite toxinas nocivas à saúde para a corrente sanguínea.
Para um diagnóstico mais preciso, ela indica a “cultura de sítio”, que nada mais é que a análise feita a partir da coleta de material do paciente no intuito de identificar a presença de bactérias ou fungos na ferida operatória.
Biofilme
Glauciane também esclareceu as dúvidas dos participantes a respeito dos “biofilmes”, que são os fungos e bactérias propriamente ditos, também conhecidos no meio científico como “comunidades biológicas”.
De acordo com a enfermeira, os biofilmes não são removidos com facilidade, já que são firmemente presos às superfícies. Neste caso, a indicação é a retirada por bisturi, seguido do uso de anti-séptico que evita a proliferação desses organismos.
A utilização dos anti-sépticos em tipos diferentes de lesões também foi colocada aos alunos, já que é parte essencial na limpeza das feridas. Entre os mais utilizados está o Iodo, substância conhecida pela cor avermelhada.
Inovação
Seguindo o cronograma de atividades, a enfermeira e gerente do Centro Cirúrgico da FCecon, Shirley Monteiro Mota, ministrou palestra com o tema “Enfermagem e os desafios frente às tecnologias inovadoras”.
Atuante há 20 anos na fundação, ela assegurou que a instituição sempre foi pioneira na aquisição de novas tecnologias, mas destacou, também, que é importante no decorrer do processo a participação de equipes multidisciplinares que proporcionem assistência de qualidade a partir dessas inovações. Por isso a necessidade de atualização periódica dos profissionais da área da saúde.
Shirley citou, entre os exemplos inovadores dentro da unidade hospitalar, as cirurgias nas áreas de mastologia e urologia, hoje feitas com procedimentos minimamente invasivos, cujas incisões reduziram em mais de 70%, em alguns casos, em função, por exemplo, da adoção de métodos como a videolaparoscopia (realizada com o auxílio de uma micro-câmera). Na área da neurologia, ela destacou a aquisição, em 2011, do Neuronavegador, aparelho que possibilita a localização de tumores cerebrais com mais precisão e reduz as chances de sequelas após a cirurgia.
Ao final da palestra, Shyrlei e a coordenadora da Semana Amazonense de Enfermagem e chefe do Departamento de Ensino e Pesquisa da FCecon, Júlia Mônica Benevides, liberaram o microfone para dúvidas, e ressaltaram temas como ética e responsabilidade profissional na enfermagem.
As palestras de hoje, que ocorreram no auditório do 3º andar da FCecon, encerraram a participação da fundação nas atividades da semana comemorativa aos 85 anos da Associação Brasileira de Enfermagem (ABEn).
Contudo, entre os dias 17 e 18 deste mês, a Faculdade de Enfermagem de Manaus utilizará a estrutura do hospital para desenvolver atividades relacionadas ao evento. Aos interessados, basta entrar em contato com os responsáveis pelo telefone 9179-3141.
Publicado em: 16/05/2012