Mais de 400 cirurgias reparadoras foram realizadas no “CENTRINHO” nos últimos 3 anos.
Nos últimos três anos a Fundação Centro de Controle de Oncologia do Estado do Amazonas (FCecon) registrou, por meio do Programa de Fissura Lábio-Palatal, mais de 400 cirurgias corretivas em pessoas com idade entre 3 meses e 65anos. O serviço, que passou a ser oferecido à população em 1993, completa, em 2012, 19 anos de existência e já é reconhecido como referência na região.
Os procedimentos são realizados no Centro de Referência de Tratamento das Lesões Labiopalatais, mais conhecido como “Centrinho”, o qual funciona no prédio principal da instituição. Só entre 2010 e 2011, o aumento no número de cirurgias foi de 55%, passando de 149 para 231. Com relação a 2009, quando foram executados 35 procedimentos, o aumento foi de 560%, se comparado ao ano passado, apontam dados do Setor de Estatística da unidade hospitalar.
Além disso, entre os anos de 2010 e 2011, o número de atendimentos (consultas por especialidade e cirurgias) passou de 17.502 para 18.306, um acréscimo de 4,6%.
O Centrinho disponibiliza aos portadores de lesões lábio-palatais, conhecidas popularmente como lábio leporino, o acesso ao atendimento ambulatorial e tratamento cirúrgico, por meio de uma equipe multidisciplinar formada por médicos especializados em cabeça e pescoço, cirurgiões plásticos, pediatras, odontólogos, ordodontistas, fonoaudiólogos, psicólogos, assistentes sociais e ainda enfermeiros e auxiliares de enfermagem.
De acordo com a assistente social Eline Lauria, entre os procedimentos realizados nos pacientes aptos à cirurgia, estão a queiloplastia (correção dos lábios) – dividida entre primária e secundária –, palatoplastia reconstruçãodo palato, também conhecido como céu da boca), rinoplastia (correção do nariz, dependendo do caso), além das microcirurgias.
Contudo, vale ressaltar que, no caso da queiloplastia – cirurgia mais realizada no Centrinho-, o ideal é que seja feita em pacientes a partir de três meses de vida. Já a palatoplastia é indicada a pessoas com idade entre 1 e 3anos. Esses dois procedimentos são imprescindíveis para a correção da fala do portador de fissura lábio-palatal.
Benefícios
De acordo com a odontopediatra da FCecon, Perla Assayag, as cirurgias de correção para lábio e palato são mais comuns em crianças e o tratamento dentário é um pré-requisito para o procedimento cirúrgico. Ela destaca a importância da manutenção do tratamento preventivo após a correção, com limpeza e aplicação de flúor periódicas e lembra que, para o sucesso total da correção, é necessário, em alguns casos, um tratamento ortodôntico que pode durar até três anos. Isso porque, há situações em que constata-se que faltam dentes na arcada dentária ou eles nasceram sobrepostos . “No caso das crianças, destaca-se que algumas têm problemas também na amamentação por causa da fissura labial e precisam utilizar uma mamadeira especial”, lembrou a especialista.
Contudo, após o tratamento, o paciente passa a sentir melhoras na deglutição e na dicção, principalmente. Além disso, como muitos sofrem preconceito por conta do problema, a correção também possibilita o retorno dessas pessoas ao convívio social.
Recuperação
A pequena Jenifer Cardoso, de cinco meses de vida, foi uma das beneficiadas pela correção labial. A cirurgia foi realiza há pouco mais de um mês pelo FCecon. De acordo com a mãe da criança, Adriane Lima Cardoso, 18, o procedimento cirúrgico e a recuperação da menina foram um sucesso. No próximo dia 13 de abril, Jenifer vai passar por mais uma cirurgia reparadora, só que desta vez, na gengiva.
“”Estou impressionada com a facilidade de se conseguir uma cirurgia gratuita pelo Estado. O melhor de tudo isso é que o atendimento com cirurgião, pediatra e assistente social foi todo realizado no próprio FCecon, sem precisar correr de um lado para o outro em busca de assistência””, disse a mãe.
Segundo ela, após a cirurgia da gengiva, a pequena Jenifer passará gratuitamente por uma cirurgia plástica para eliminar as cicatrizes. “”Graças a essa possibilidade minha filha nascerá outra vez. Quando ela nasceu fiquei com muito medo que ela sofresse preconceito por causa do lábio leporino””, desabafou.
Publicado em: 11/04/2012