FCecon realiza cirurgia de próstata inédita

A equipe do Serviço de Cirurgia Minimamente Invasiva da Fundação Centro de Controle de Oncologia do Estado do Amazonas (FCecon) realizou, no último dia 29, mais um procedimento inédito com sucesso. Trata-se de uma “”prostatectomia radical videolaparoscópica””, ou, a retirada total da próstata com o auxílio de uma micro câmera. O paciente, de 76 anos e acometido por um câncer de próstata, passa bem e já recebeu alta. O novo procedimento marca a evolução no tratamento deste tipo de doença no Amazonas.

A equipe muldisciplinar, composta por oito pessoas, foi coordenada pelo uro-oncologista Cristiano Paiva, coordenador do serviço, e a cirurgia durou cerca de seis horas. A expectativa é que este tipo de procedimento seja realizado uma vez por semana por profissionais do Serviço de Urologia da fundação em parceria com o Serviço de Cirurgia Minimamente Invasiva.

De acordo com o especialista, a cirurgia agrega uma série de benefícios ao paciente. Entre eles está a redução da incisão, que normalmente teria 25 centímetros e, com a utilização da câmera, fica em um centímetro apenas, já que p equipamento possibilita a localização da área a ser retirada com maior precisão. Muito embora tivesse sido necessária a abertura de seis pequenos canais para a inserção da câmera, ele ressalta que o sangramento é menor, o paciente sente pouca dor durante o pós-operatório, a possibilidade de infecção também é menor, a recuperação é mais rápida e o tempo de internação é reduzido à metade do tempo, passando de seis para três dias. O resultado é o aumento da oferta de cirurgias deste tipo na FCecon e maior disponibilidade de leitos.

A cirurgia também minimiza os riscos das sequelas mais comuns neste tipo de doença, tais como a incontinência urinária e a impotência sexual, levando em consideração que o procedimento agride menos a área pélvica, onde a próstata está localizada.

Detalhes

A cirurgia videolaparoscópica é feita com o auxílio de uma câmera de um centímetro, a qual é inserida em uma incisão do mesmo tamanho, de modo a detectar com mais precisão as lesões ou tumores nos pacientes com câncer em geral. Além dela, é utilizado um televisor de 45 polegadas com tela de LCD, que possibilita que toda a equipe possa observar a execução do procedimento.

Câncer de próstata

O câncer de próstata é o mais incidente entre os homens e a segunda maior causa de mortes por neoplasias no sexo masculino, perdendo apenas para o câncer de pulmão. Entre os fatores de risco da doença, explica Cristiano Paiva, estão: o aumento da expectativa de vida; alimentação rica em gorduras, fibras e carboidratos e o fator hereditário (transmissão por via genética da pré-disposição ao câncer de próstata). Este último aumenta em duas vezes as chances de se adquirir um câncer ao longo da vida.

“”Por isso, a Sociedade Brasileira de Urologia recomenda a realização dos exames preventivos, a partir dos 45 anos, uma vez ao ano para pessoas que não tem histórico da doença na família. Aos que tem, a indicação do exame anual é a partir dos 40 anos””, advertiu o especialista. Os exames indicados são: PSA (sangue), digital da próstata (ultrassonografia) ou de toque prostático.

Recuperação

O funcionário público aposentado Antônio Printes de Souza, 76, é natural de Oriximiná, no Oeste do Pará, e veio para o Amazonas para fazer um tratamento oftalmológico. Segundo a filha dele, a técnica em enfermagem Maria Regina da Silva Souza, 37, ao chegar à capital amazonense, a família decidiu submeter o patriarca a uma série de exames de rotina. Foi quando ele teve o câncer diagnosticado.

“”Meu pai fazia o preventivo todos os anos no Pará e não sentia dor nenhuma, mas, em setembro, o exame apontou uma alteração, mas o diagnóstico mesmo se deu em Manaus””, explicou a técnica. De acordo com ela, o aposentado estava recebendo tratamento desde outubro na FCecon. Na última quarta-feira, Antônio Printes passou pela cirurgia e, no domingo pela manhã, recebeu alta. “”Ele está se sentindo bem e amanhã vai ao hospital para retirar sonda e os pontos e passar por nova avaliação médica. A operação e a recuperação foram excelentes e meu pai já está andando e não sente dor nenhuma””, assegurou.

Conforme o especialista Cristiano Paiva, muito embora o paciente não sinta mais nenhum sintoma decorrente da doença, ele terá que passar por acompanhamento periódico por dez anos, tempo necessário para garantir que a doença não retornará.

Publicado em: 20/03/2012