Obesidade está diretamente associada ao desenvolvimento do câncer, afirma especialista da FCecon
Pesquisa Vigitel 2016 (Vigilância de Fatores de Risco e Proteção para Doenças Crônicas por Inquérito Telefônico), divulgada em janeiro deste ano, pelo Ministério da Saúde, apontou que Manaus tem a sétima maior frequência de obesos adultos entre as 26 capitais e o Distrito Federal, com 20,3% dos entrevistados inseridos nesse contexto, a maior parte, mulheres.
O dado preocupa, uma vez que a obesidade está diretamente associada a diversos tipos de câncer, além de contribuir para o desencadeamento de doenças cardiovasculares, alertou o diretor-técnico da Fundação Centro de Controle de Oncologia do Estado do Amazonas (FCecon), cirurgião Ênio Lúcio Coelho Duarte.
Ele explica que a obesidade pode provocar inflamações no organismo, além de aumentar a quantidade de insulina produzida, fatores que estimulam a multiplicação das células e, consequentemente, o surgimento de tumores. Entre as neoplasias malignas relacionadas à obesidade, estão as de colorretal, mama, ovário e colorretal – as três últimas ligadas à alta exposição de estrogênio, hormônio que ajuda a alimentar os tumores, fazendo com que o processo de evolução seja acelerado. De acordo com o especialista, a obesidade potencializa a produção do estrogênio, causando um desequilíbrio hormonal.
“Para entendermos melhor esse processo, precisamos explicar que os tumores malignos são células que, diferente da maioria, não morrem com o passar do tempo, como parte do processo de envelhecimento do corpo humano. Elas se perpetuam e crescem, formando o que chamamos de câncer. O câncer é causado por uma mutação genética e pode ser hereditário, ou, esporádicos. Em alguns casos, fatores de risco externos, como tabagismo, alcoolismo e, ainda, à má alimentação, que provoca a obesidade, influenciam diretamente”, destacou o especialista.
Por isso, é importante que a obesidade seja combatida, principalmente a partir da adoção de hábitos saudáveis de vida, como a prática regular de exercícios físicos, uma alimentação rica em vegetais e com pouca gordura saturada, ingerir alimentos com fibras, não fumar e evitar bebidas alcoólicas em excesso. “São coisas simples que costumamos repetir sempre: não adianta ter acesso à informação e não colocá-la em prática”. Frisou Ênio Lúcio.
Prevenção
O câncer de mama é o segundo mais incidente na população feminina do estado, com previsão de 440 casos/ano, perdendo apenas para o câncer de colo uterino, segundo informações do Instituto Nacional do Câncer (Inca), órgão subordinado ao Ministério da Saúde. Na FCecon, unidade vinculada à Secretaria de Estado da Saúde (Susam), as campanhas sobre prevenção e fatores de risco do câncer são contínuas, incluindo também as metodologias de diagnóstico precoce do câncer de mama.
Uma notícia boa é que, entre os métodos preventivos, está a amamentação. “ A mama é composta de lóbulos, ductos, gordura e vasos linfáticos. A maioria dos cânceres de mama começa nos ductos. São os chamados carcinomas ductais, que somam quase 80% dos casos da doença. De uma forma bem didática, a amamentação auxilia no amadurecimento das mamas, tornando-se um fotor protetor e de prevenção ao câncer”, assegurou.
Pesquisa Vigitel
A pesquisa Vigitel foi realizada em 2016, abrangendo 53.210 pessoas por abordagem telefônica, das quais 2.104, da capital amazonense. O Vigitel (Vigilância de Fatores de Risco e Proteção para Doenças Crônicas por Inquérito Telefônico) compõe o sistema de Vigilância de Fatores de Risco para doenças crônicas não transmissíveis (DCNT) do Ministério da Saúde, juntamente com outros inquéritos, como os domiciliares e os voltados para a população escolar.
Entre as DCNT monitoradas por esse sistema incluem-se diabetes, câncer, doenças respiratórias crônicas e cardiovasculares, como hipertensão arterial, que têm grande impacto na morbi-mortalidade e na qualidade de vida da população. Esses quatro grupos de doenças possuem quatro fatores de risco modificáveis em comum, também monitorados pelas pesquisas: tabagismo, alimentação não saudável, inatividade física e uso nocivo de bebidas alcoólicas.
Além do acompanhamento contínuo desses quatro principais fatores de risco, diagnóstico médico de diabetes e de hipertensão arterial e exames de detecção precoce de cânceres femininos, o Vigitel também é utilizado para investigar outros temas de forma mais pontual ou temporária, conforme a necessidade. Em 2016, foram avaliadas questões como a frequência de fumantes nas capitais, usuários de planos de saúde, frequência de obesidade, entre outros. A pesquisa está disponível na página do Ministério da Saúde na internet.