Radioterapia é considerada tão eficaz quanto cirurgia no combate ao câncer de próstata

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Tão eficaz quanto o tratamento cirúrgico, a radioterapia tem se mostrado uma aliada no combate ao câncer de próstata, que se descoberto ainda na fase inicial, tem até 90% de chances de cura. De acordo com a engenheira biomédica Ana Paula Lemes, diretora-presidente da Fundação Centro de Controle de Oncologia do Estado do Amazonas (FCecon), unidade vinculada à Secretaria de Estado da Saúde (Susam), a doença entra em pauta neste mês por conta do Novembro Azul, campanha mundial que reforça os cuidados com a saúde do homem.

 

A próstata é uma glândula localizada abaixo da bexiga e na frente do reto. O câncer de próstata (em geral, adenocarcinoma) se desenvolve através das células glandulares, as que produzem o sêmen. Trata-se do segundo câncer que mais mata homens no Brasil, perdendo apenas para o câncer de pulmão.

 

De acordo com o radioterapeuta Leandro Baldino, gerente do Serviço de Radioterapia Abelardo Pampolha, setor vinculado à estrutura da FCecon, há alguns anos, o tratamento radioterápico era considerado apenas um adjuvante para os tumores de próstata. Ou seja: era aplicado como complementação após o tratamento cirúrgico, considerado o principal até então.

 

“Hoje, com o advento das novas tecnologias, houve uma redução do campo de aplicação da radiação e maior concentração sobre o tumor, o que fez com que o tratamento radioterápico, por si só, fosse considerado curativo, desde que aplicado em tumores localizados (que ainda não se espalharam, gerando metástases em outros órgãos). No entanto, vale ressaltar que o tratamento radioterápico pode ser aplicado também aos  cânceres de próstata em estágio avançado, com bons resultados e aumento da sobrevida do paciente”, explicou Baldino.

 

Conforme o especialista, a FCecon, unidade de referência em cancerologia na Amazônia Ocidental, tem um dos maiores e melhores parques radioterápicos do Sistema Único de Saúde (SUS) na região Norte. Entre os aparelhos disponíveis, está um acelerador linear, equipamento de ponta,  apto a tratar essa modalidade específica de câncer, através do sistema de planejamento tridimensional.

 

“Com a chegada do acelerador linear, conseguimos concentrar a radiação em um campo mais próximo do tumor de próstata, reduzindo, assim, as sequelas inerentes ao tratamento. Além disso, as sessões são mais rápidas e conseguimos ótimos resultados”, esclareceu Baldino. Uma das principais vantagens da radioterapia aplicada ao câncer de próstata, é a diminuição de sequelas como a disfunção erétil e a incontinência urinária.

 

Cirurgia

 

Na modalidade cirúrgica, o gerente do Serviço de Urologia da FCecon, Thiago Padilha, destacou que a prostatectomia (retirada total da próstata, junto com as vesículas seminais) tem sido uma das primeiras opções em oncologia, quando diagnosticados os tumores localizados (os que estão na fase inicial).

Ele ressalta, ainda, que a orquiectomia, uma outra modalidade cirúrgica cujo objetivo é a retirada dos testículos, também pode ser indicada, dependendo do estadiamento (extensão) da doença. Tanto ela, quanto a hormonioterapia, são modalidades de tratamento paliativos, utilizadas nos casos de doença avançada (com presença de metástases), bloqueando a produção de testosterona e freando a progressao da doença, com o objetivo de diminuir sintomas, aumentar a qualidade de vida e a sobrevida dos pacientes. Nesse controle, o PSA (antígeno prostático específico) funciona como um guia da eficácia do tratamento.

 

O desenvolvimento do câncer de próstata não está relacionado diretamente a fatores ambientais e, sim, ao envelhecimento da população masculina. “Trata-se de uma doença de evolução lenta, assintomática e que não é prevenível. Por isso, é preciso enfatizar o diagnóstico precoce como elemento essencial para a cura”, destacou Padilha.

 

Padilha alerta que alguns sintomas podem indicar a suspeita de um câncer na próstata, mas em estágio avançado. Entre eles, estão: dor lombar, dificuldade para andar, perda de peso, dor na região perineal com dificuldade de urinar, retenção urinária e insuficiência renal.

 

Faixa etária de risco

 

Thiago Padilha destaca que o câncer de próstata é mais comum em homens com mais de 50 anos. Para eles, é indicado anualmente o exame de PSA e o toque retal com um urologista, para descartar ou diagnosticar precocemente eventuais alterações.

 

“Esses cuidados ocorrem porque a próstata volta a crescer aos 40 anos. A partir daí, podem surgir doenças benignas ou malignas – essa última em menor proporção. Ou seja: uma minoria dos homens desenvolverá câncer. Por isso, é importante ressaltar que os homens com a idade indicada pelo Ministério da Saúde, precisam fazer os exames periódicos não somente em novembro, mas durante o ano todo”. Pessoas com histórico de câncer de próstata na família (fator hereditário) ou da raça negra, devem iniciar o rastreio a partir dos 45 anos.

FOTOS – BRUNO ZANARDO / SECOM