FCecon realiza a primeira cirurgia a laser para o tratamento do câncer de laringe
Dando continuidade aos avanços na área cirúrgica, a Fundação Centro de Controle de Oncologia do Estado do Amazonas (FCecon), unidade vinculada à Secretaria de Estado da Saúde (Susam), realizou a primeira cirurgia endoscópica a laser, para o tratamento do câncer de laringe, o quinto mais frequente entre os homens no Amazonas.
“A principal vantagem desse tipo de terapia é a rápida recuperação e a reinserção do paciente à vida social, com retorno às atividades cotidianas em uma semana, geralmente. Além disso, o risco de sequelas também é reduzido, ajudando a preservar a voz e o processo de alimentação por via oral do indivíduo”, destacou o diretor-presidente da Fundação Cecon, cirurgião oncológico Marco Antônio Ricci.
O câncer de laringe é uma doença cuja incidência ainda preocupa. De acordo com o Instituto Nacional do Câncer (INCA), subordinado ao Ministério da Saúde (MS), são esperados 80 novos casos em 2017 no Estado, todos eles em homens. A projeção mais recente do Instituto não inclui dados para a população feminina no Amazonas. Para o Brasil, são aguardados 7.350 novos diagnósticos, a maioria, na população masculina: 6.360.
O procedimento cirúrgico realizado na FCecon faz parte de um projeto-piloto em fase de análise de viabilidade econômica para implantação. Segundo o cirurgião de cabeça e pescoço, Fábio Bindá, que participou da cirurgia, o tratamento foi realizado em um paciente do sexo masculino, de 65 anos, e foi considerado bem-sucedido. Ele consistiu na ressecção do tumor maligno localizado na laringe, através de laser, e sem a necessidade de complementação terapêutica como quimioterapia e radioterapia.
“O paciente selecionado tinha um câncer em estágio inicial, cuja localização propiciava um procedimento desse porte e com essas características. Ele já recebeu alta e, agora, passa por acompanhamento e controle hospitalar, que deve durar cerca de cinco anos”, explicou Bindá.
O equipamento utilizado na cirurgia é descartável e foi cedido pela empresa Maximplant, que também financiou o treinamento de uma equipe médica nos Estados Unidos, em 2016. O procedimento minimamente invasivo durou duas horas e teve a participação de equipe multidisciplinar, que incluiu os cirurgiões especialistas Fábio Bindá, Marco Antônio Rocha – chefe do Serviço de Cirurgia de Cabeça e Pescoço FCecon-, Raimundo Monteiro, Felipe Jezini, Márcio Costa Fernandes e Eduardo Andrade, além dos residentes Fernando André e Thomas Jefferson Pereira. Também participaram anestesistas, enfermeiros e técnicos.
Fatores de risco
O câncer de laringe tem como principais fatores de risco o tabagismo e o alcoolismo, assim como diversas doenças malignas de cabeça e pescoço. “O fumo potencializa o desenvolvimento desse tipo de doença, em função das substâncias químicas que compõem o tabaco e o contato direto com os tecidos internos”, destacou Fábio Bindá. Pessoas que associam o fumo ao alcoolismo, multiplicam as chances de ter câncer de laringe frente a indivíduos que não têm esse tipo de hábito.
Outro fator de risco importante para o desenvolvimento da doença é uma má alimentação, que ocasiona deficiência de nutrientes ao organismo. O Papiloma Vírus Humano (HPV), nacionalmente conhecido por ser o principal causador do câncer de colo uterino, também contribuiu para o surgimento do câncer de cabeça e pescoço. Ele influência na formação de lesões que, se não tratadas a tempo, podem se tornar malignas.
“Como esse tipo de tumor leva muito tempo para se desenvolver, ele é mais comum em pessoas com 65 anos ou mais. Seu desenvolvimento pode ter, ainda, a influência do fator hereditário. Sendo assim, pessoas com histórico de câncer na família, têm mais chances de desenvolver a doença. Além de manter hábitos de vida saudáveis, também faz parte da prevenção a visita a um especialista da área, para avaliação anual ou a cada dois anos. O câncer é uma doença silenciosa e assintomática quando no estágio inicial. Por isso, reforçamos a importância da prevenção e da informação, principais armas contra a doença e que podem salvar vidas”, concluiu Bindá.