Entenda os fatores e as causas do Infarto Agudo do Miocárdio

Segundo previsão do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), em 2015, 50% da população brasileira terá placa ateromatosa, ou seja, acúmulo de gordura nas artérias, uma das principais causas do Infarto Agudo do Miocárdio.

O dado foi divulgado pela enfermeira Lilian Bering, doutoranda em Enfermagem Cardiovascular pela Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ), no último dia 18, durante o primeiro dia do treinamento “Guide Line 2010: principais condutas nas arritmias cardíacas e complicações relacionadas aos quimioterápicos em urgência oncológica”. O curso ocorreu no auditório da Fundação Centro de Controle de Oncologia do Amazonas (FCecon) e foi concluído na tarde de hoje (18/05).

De acordo com a enfermeira, existem 16 tipos de infarto e o agudo do miocárdio é uma das principais causas de mortalidade em todo o mundo. Ele pode ocorrer, entre outras circunstâncias, a partir de um choque cardiogênico ou de arritmia cardíaca. O Infarto Agudo do Miocárdio mata o indivíduo, se não tratado adequadamente, em até 12 horas, ou, em algumas situações, pode causar a morte súbita. Ele pode ser diagnosticado a partir do eletrocardiograma.

Alguns dos fatores de influência direta com o quadro são os traumas, a obstrução oral, o uso de drogas, anafilaxia por medicação, desnutrição e obesidade. De acordo com a Sociedade Brasileira de Cardiologia, o método mais eficaz de prevenção é evitar o acúmulo de gordura nas artérias, o que pode ocorrer a partir de uma alimentação saudável e prática de exercícios físicos.

Ainda sobre o Infarto Agudo do Miocárdio, a palestrante destaca informações presentes no Consenso de Tratamento para IAM da SBC, ao lembrar que a maioria das mortes por IAM acontece fora do ambiente hospitalar, geralmente em locais onde não há assistência médica. “O que torna fundamental que a equipe de enfermagem esteja preparada para o atendimento fora do ambiente hospitalar”, destaca.

A doutoranda também elucidou dúvidas sobre as arritmias, as quais representam um grupo de distúrbios do ritmo cardíaco, e inclui um grande número de doenças, algumas comuns e outras extremamente raras. Essas anomalias no ritmo dos batimentos podem ocorrer em qualquer idade, independente do sexo e da etnia, podendo ou não estar associadas a outras doenças.

Parada Cardíaca

Durante o curso, Lilian Bering explicou, ainda, que as fases de uma parada cárdica são três e, segundo ela, a identificação da fase correta facilita o atendimento e pode salvar a vida do paciente. Para tanto, ela ressalta que a fase elétrica ocorre até os primeiros cinco minutos do infarto, e pede o uso do desfibrilador, equipamento eletrônico com função de reverter a fibrilação auricular, ou seja, as alterações da frequência cardíaca.

Na fase circulatória, entre os primeiros cinco e dez minutos, recomenda-se pelo menos dois minutos de Reanimação Cardiopulmonar (RCP) – procedimento a base de massagem cardíaca associada à respiração artificial -, antes de desfibrilar. Na última fase, a metabólica, cujo infarto já ocorre há mais de dez minutos, recomenda-se indução de hipotermia.

“A desfibrilação precoce é um dos fatores mais importantes no aumento da sobrevida do paciente com PCRC (parada cardiorrespiratória cerebral) dentro e fora do hospital”, assegura. Ela lembra, ainda, que durante uma parada cardiorrespiratória, nos primeiros quatro minutos o paciente pode ser salvo sem sequelas; em seis minutos pode haver sequelas e, em 16 minutos, ele pode vir a óbito.

A doutoranda comenta que o método mais eficaz na ressuscitação é a massagem cem vezes por minuto e afirma que a técnica também pode ser aplicada por enfermeiros e não exclusivamente por médicos. “A massagem com medicação e ventilação por Ambú é o procedimento correto em pacientes com parada cardíaca”.

Infarto

Durante o segundo dia de curso, a enfermeira tratou de temas como metástase no mediastino, situação relacionada, em alguns casos, com o infarto. De acordo com Lilian Bering, a metástase (formação de lesão tumoral a partir de outro tumor) pode comprimir a coronariana, reduzindo o fluxo de sangue. O mediastino é o local onde está localizado o coração.

Outra doença que também pode contribuir para a ocorrência de infarto é a hipertensão. Trata-se do aumento da pressão que ataca o coração, cérebro e pode causar a paralisia dos rins. Ao comprometer o coração, ela destaca a necessidade de detectar se o paciente possui ou não insuficiência cardíaca na hora da internação, pois neste caso, a aplicação de soro fisiológico não é indicada, podendo causar um edema agudo de pulmão, levando o paciente a óbito em poucos minutos.

“A insuficiência cardíaca pode ser detectada a partir do exame de Raio-X, a partir da constatação de que o coração é maior que a metade do pulmão”. Neste caso, a enfermeira destaca, ainda, a importância do conhecimento técnico-científico. Ao finalizar a palestra, Lilian Bering explicou a função do eletrocardiograma na verificação das arritmias (alteração da freqüência cardíaca) e os tipos de derivação (que identificam as atividades elétricas do coração), divididas entre periféricas, as quais identificam as arritmias, e precordiais, que verificam os infartos e isquemias.