Movimento contra o Linfoma – a importância do toque no diagnóstico precoce da doença
Em 2010, campanha alertou a população sobre a importância do toque no diagnóstico precoce da doença
por Tatiane Mota*
De todos os tipos de câncer, cerca de 10% são linfomas. Segundo o especialista e diretor de Relações Internacionais da Associação Brasileira de Hematologia e Hemoterapia (ABHH), Dr. Carlos Chiattone, a doença é a quarta causa de morte de pacientes oncológicos no Brasil, ficando atrás apenas do câncer de próstata, mama e tubo digestivo.
Nomes como Dilma Rousseff, candidata à Presidência da República; Glória Perez, autora de novelas; e Fernando Lugo, presidente do Paraguai, foram diagnosticados recentemente com a doença, porém seus sintomas e tratamentos ainda são pouco conhecidos por grande parte da população.
O linfoma é o câncer do sistema linfático e origina-se da alteração de um tipo de glóbulo branco, chamado linfócito (parte da defesa natural do corpo contra infecções). Seu principal sintoma é o inchaço indolor dos linfonodos (conhecidos popularmente como íngua) no pescoço, nas axilas ou na virilha, além de febre, suor (geralmente à noite), cansaço, dor abdominal, perda de peso, pele áspera e coceira.
Com o objetivo de alertar e informar a população sobre a importância do diagnóstico precoce, em setembro desse ano aconteceu a Campanha Mundial de Conscientização sobre Linfomas, realizada pela organização internacional Lymphoma Coalition (Coalizão Linfoma) em mais de 20 países.
A ABRALE, representante da organização no Brasil, em parceria com a IK Ideas, realizou uma campanha informativa com cartazes, fôlderes, hotsite, chats e palestra com especialista para mostrar a todos que estar atento a qualquer tipo de alteração corporal é fundamental para um melhor tratamento e até para a conquista da remissão completa do linfoma.
"Hoje, se diagnosticado precocemente, o paciente com linfoma tem 70% de chances de cura", afirma a Dra. Ana Lúcia Cornacchioni, onco-hematologista coordenadora do Comitê Científico da ABRALE.
Em 2010, com o slogan "Movimento contra o linfoma. Se toca. Quanto antes você descobrir, melhor", os materiais chamaram a atenção do público para a questão do toque: o inchaço dos gânglios, característica principal da doença, pode ser sentido com as mãos e, muitas vezes, observado a olho nu. Para se confirmar a doença, são realizados diversos exames, como a biópsia e o estudo de citogenética e, somente após o resultado, a terapia ideal é escolhida.
"Não há nenhuma maneira conhecida de prevenir o linfoma. Então, é importante cuidar de sua saúde, ficar atento a qualquer sinal de seu corpo e, caso apareça algum sintoma, procurar um médico", diz Ana Lúcia.
O linfoma se divide em duas categorias principais: o linfoma de Hodgkins e o linfoma não-Hodgkin. Segundo dados do Instituto Nacional de Câncer (Inça), em 2009, cerca de 2,8 mil indivíduos foram diagnosticados com linfoma de Hodgkin, que atinge com maior frequência pessoas de 25 a 30 anos de idade, enquanto o linfoma não-Hodgkin, mais comum na infância, atingiu mais de 9 mil pessoas.
Se diagnosticado precocemente, o paciente com linfoma tem até 70% de chances de cura. O tratamento de ambos é baseado em quimioterapia, radioterapia e medicamentos chamados de anticorpos monoclonais. O transplante de medula óssea só é indicado quando o paciente não responde bem ao tratamento ou se já tem um doador compatível.
Em 2009, durante a campanha de conscientização, a ABRALE criou o Manifesto pelo Direito de Acesso ao Melhor Tratamento, entregue pessoalmente pela presidente da associação, Merula Steagall, ao ministro da Saúde, José Gomes Temporão. A iniciativa contou com mobilização para colher assinaturas no vão livre do Masp, em São Paulo, e no Largo da Carioca, no Rio de Janeiro. Também foram realizadas ações em universidades de Campinas, Curitiba, Fortaleza, Goiânia, Porto Alegre, Recife e Salvador.
O ator Lima Duarte foi o padrinho pelo terceiro ano consecutivo. Já a autora de novelas Glória Perez foi a madrinha pela primeira vez. Mais de 23 mil pessoas assinaram o manifesto, e a campanha atingiu cerca de 22 milhões de pessoas no Brasil todo.
* Matéria reproduzida da ‘Revista da ABRALE’, edição de setembro/outubro/novembro de 2010