Pesquisa coordenada por médica da FCecon realizará autocoletas em detentas do sistema prisional

Uma pesquisa coordenada pela médica da Fundação Centro de Controle de Oncologia do Estado do Amazonas (FCecon), Hilka Espírito Santo, irá realizar, na próxima quarta-feira (26/06), das 8h às 12h, a autocoleta de amostras para detecção do Papilomavírus humano (HPV) – responsável por causar lesões precursoras de câncer de colo uterino. Os procedimentos serão feitos em detentas do sistema prisional aberto, semiaberto e fechado, com um dispositivo inovador.

Os exames de autocoleta ocorrerão durante o mutirão carcerário feminino, que é organizado pelo Tribunal de Justiça do Estado do Amazonas (TJAM). A autocoleta possibilita que a própria mulher, sozinha – em um ambiente privado – introduza o dispositivo – semelhante a um aplicador de creme vaginal – no canal vaginal. A intenção é testar a eficácia do aparelho e que o mesmo possa ser utilizado por populações com dificuldades de acesso à saúde pública.

Chefe do serviço de Mastologia da FCecon, Hilka Espírito Santo disse que os exames com o uso do dispositivo de autocoleta fazem parte de seu projeto de doutorado na Universidade Federal do Amazonas (Ufam). Denominada “Autocoleta e teste de DNA para HPV como rastreio para o câncer de colo uterino em mulheres privadas de liberdade”, a pesquisa está sendo realizada junto às Universidades Estadual Paulista (Unesp), Nilton Lins e FCecon, tendo a participação de alunos da Nilton Lins e da Ufam.

“Estamos na fase final de coleta de amostras. Já atendemos 183 mulheres privadas de liberdade. O próximo passo é enviar as amostras ao Instituto de Pesquisa em Oncologia Ginecológica (IPOG), onde serão realizados os testes de DNA para HPV de alto risco. As mulheres identificadas com os vírus serão encaminhadas à FCecon, onde será realizado a colposcopia e, caso necessário, o tratamento”, explicou Hilka Espírito Santo.

Com a pesquisa, de acordo com a médica especialista, pretende-se testar o uso do dispositivo em populações de difícil acesso ao sistema de saúde.

Na FCecon, o projeto também conta com o apoio da médica ginecologista Mônica Bandeira, idealizadora do projeto Ver e tratar o colo uterino e do Movimento Estadual de Prevenção ao Câncer de Colo Uterino Março Lilás.

Doação – A empresa Kolplast doou 450 dispositivos de autocoleta para a realização da pesquisa e as análises dos exames pelo IPOG estão sendo patrocinadas pela Vara de Execuções de Medidas e Penas Alternativas (Vemepa/TJAM). O projeto também conta com o apoio do Programa Justiça Presente do Conselho Nacional de Justiça (CNJ).

Autocoleta – A autocoleta é um método utilizado em vários países desenvolvidos por populações com dificuldades de acesso à saúde, segundo Hilka Espírito Santo, que disse que há lugares em que o dispositivo com o material biológico é enviado pelos Correios ao hospital.

Prevenção – O câncer de colo uterino pode ser evitado por meio de três atitudes: a vacinação contra o HPV, o uso de camisinha nas relações sexuais e exame preventivo anual – para detecção das inflamações precursoras da doença ou câncer na fase inicial.

HPV – O Papilomavírus humano é um vírus muito contagioso, adquirido sexualmente, que causa, além de verrugas genitais, vários tipos de câncer em ambos os sexos – como colo uterino, vagina, pênis, garganta e ânus.

Números – Segundo o Instituto Nacional de Câncer (Inca), no biênio 2018/2019, estima-se para o Brasil 16.370 casos novos de câncer de colo uterino, uma taxa bruta de 15,43 a cada 100 mil mulheres. Para o Amazonas, estima-se cerca de 840 casos novos de câncer de colo uterino, uma taxa bruta de 40,97 a cada 100 mil mulheres. Desses casos novos do estado, cerca de 640 serão mulheres residentes em Manaus.

 

Texto: Luís Mansueto/FCecon

Fotos: Raphael Alves/TJAM

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